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Cota para deficientes: 58,1% das metalúrgicas de Osasco cumprem a lei

O percentual de empresas metalúrgicas que obedecem à Lei de Cotas para deficientes na região de Osasco é de 58,1%, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e Região. O estudo, realizado durante 10 anos, mostra que houve queda em relação ao ano passado, quando o índice era de 62,6%. O estudo envolveu 86 empresas com mais de 100 funcionários (que entram na Lei de Cotas) em 12 municípios.

Apesar dessa redução, atribuída à crise econômica, a pesquisa revelou que parte das empresas contrataram um número ainda maior de deficientes que o mínimo exigido em lei. Além disso, metalúrgicas que reduziram o número de empregados por causa da crise optaram por manter seus contratados com deficiência, mesmo sem a obrigação legal.

Com essa disposição do empresário do setor, pela primeira vez, a ocupação das vagas ofertadas pelas metalúrgicas que respeitam a cota superou o número mínimo exigido por lei em Osasco. No ano passado, 98,9% desses postos de trabalho eram preenchidos pelos deficientes. Este ano, o índice subiu para 104,6%, com 592 deficientes empregados.

Carlos Clemente, vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos e coordenador da pesquisa, defende a inclusão. “Ter uma deficiência ou não, não pode ser um limitador de trabalho. Tem pessoas aqui com deficiência e estão há anos nas empresas. Se souberem aproveitar o talento das pessoas, elas vão dar o máximo de si. A gente tem provado isso ao longo dos anos”, disse.

José Carlos do Carmo é auditor fiscal do trabalho e coordenador do projeto de inclusão da pessoa com deficiência da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em São Paulo. Segundo ele, estima-se que um terço do total de vagas que deveriam ser ocupadas por deficientes no Brasil estejam preenchidas.

“Considero o resultado [em Osasco] positivo e, isso não acontece por acaso. Osasco tem uma história interessante nessa questão do resgate do direito historicamente negado às pessoas com deficiência, que é o direito ao trabalho. A primeira fiscalização e até a primeira autuação pelo não cumprimento da Lei de Cotas foi aqui em Osasco, há mais de 10 anos”.

Fiscalização

Para o auditor, a inclusão na região teve atuação importante do Sindicato dos Metalúrgicos, além da aplicação de multas às instituições que insistem em descumprir a lei. Este ano, 3,5% das empresas não tiveram deficientes no seu quadro de funcionários, enquanto 38,4% cumpriram a lei parcialmente.

“Aqui em São Paulo, a gente deixa muito claro que a autuação não é o objetivo, muito pelo contrário. Sempre que somos obrigados a lavrar um auto de infração, a sensação que temos é de não consecução do objetivo pretendido, que é da inclusão das pessoas com deficiência”, disse José Carlos.

Gideão da Silva Lima, 40 anos,e trabalha há 12 anos em uma empresa de autopeças como ferramenteiroRovena Rosa/Agência Brasil

Gideão da Silva Lima, 40 anos, tem nanismo e trabalha há 12 anos como ferramenteiro de uma empresa de autopeças. “O ambiente lá tem bastante respeito, todo mundo se ajuda. Tem uma bancada para a gente subir e conseguir operar as máquinas. A gente não tem que se sentir mal, porque sou pequeno, pensar que não tenho capacidade de fazer as coisas. Eu tenho sim”, disse.

Ele lembra, porém, que antes da existência da Lei de Cotas, passou por uma situação ruim, na tentativa de encontrar um trabalho. “Passei no teste para trabalhar em um banco. Quando cheguei, todo de terno, olharam para mim e pensaram que eu era maior. Não sei se foi preconceito de eu ser negro, mas me julgaram também pelo meu tamanho. Pela capacidade que eu tenho na mente, eu podia fazer tudo. Mas um gerente disse que não deu certo e me dispensaram. Para mim, foi preconceito”, lamentou.

São Paulo - Sindicato dos metalúrgicos de Osasco divulga relatório sobre o cumprimento da cota de contratações de funcionários com deficiência. Na foto, Alex Navarro de Souza, 26 anos, operador de máquinas, fala

Alex Navarro de Souza, 26 anos, operador de máquinasRovena Rosa/Agência Brasil

Alex Navarro de Souza, 26 anos, é operador de máquina há 5 anos. Ele tem deficiência intelectual e é analfabeto. “Nunca sofri preconceito. Eu sou uma pessoa que sempre ajuda os outros. Todo mundo me adora, eu me dou bem com todo mundo. Dizem que eu sou o animador no trabalho, estou sempre feliz”.

Edição: Maria Claudia

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