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Meu caro amigo

Nos anos de Chumbo, Chico Buarque era o compositor mais perseguido pela Ditadura Militar, como forma de protesto e rara inteligência compôs com Francis Hime a música MEU CARO AMIGO em 1976, depois dos assassinatos de Alexandre Vannuchi Leme (1973), Vladimir Herzog (1975) e de Manoel Fiel Filho (1976), entre outros tantos e no começo da luta pela Anistia. Um choro que fala do Brasil da época e da dificuldade de se falar o que  se pensava, sempre sofrendo a repressão dos militares.

Acredito que a liberdade é tudo na vida. Liberdade de pensar, de agir, de expor seus pensamentos. Mesmo que para isso tenha que enfrentar moinhos de vento e pensamentos saudosos do período autoritário que dominou nosso pais em uma  época. Há,  a historia de uma estrofe perdida da letra, mas isso não importa. O que importa, mesmo, é o sentido da música que revela um Brasil, que não queremos mais.

Em homenagem à liberdade e ao povo que sonha com ela todos os dias, resolvemos reproduzir a letra da música de Chico Buarque e Francis Hime. O resto é com você leitor, nossa razão de tudo. Ouça a música no youtube, leia a letra no PlanetaOsasco e tire suas conclusões com toda liberdade.

 

MEU CARO AMIGO

(Chico Buarque de Holanda e Francis Hime)

Meu caro amigo me perdoe, por favor
Se eu não lhe faço uma visita
Mas como agora apareceu um portador
Mando notícias nessa fita
Aqui na terra ‘tão’ jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock’n’ roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta
Muita mutreta pra levar a situação
Que a gente vai levando de teimoso e de pirraça
E a gente vai tomando, que também, sem a cachaça
Ninguém segura esse rojão

Meu caro amigo eu não pretendo provocar
Nem atiçar suas saudades
Mas acontece que não posso me furtar
A lhe contar as novidades
Aqui na terra ‘tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock’n’ roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta
É pirueta pra cavar o ganha-pão
Que a gente vai cavando só de birra, só de sarro
E a gente vai fumando que, também, sem um cigarro
Ninguém segura esse rojão

Meu caro amigo eu quis até telefonar
Mas a tarifa não tem graça
Eu ando aflito pra fazer você ficar
A par de tudo que se passa
Aqui na terra ‘tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock’n’ roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta
Muita careta pra engolir a transação
E a gente tá engolindo cada sapo no caminho
E a gente vai se amando que, também, sem um carinho
Ninguém segura esse rojão

Meu caro amigo eu bem queria lhe escrever
Mas o correio andou arisco
Se me permitem, vou tentar lhe remeter
Notícias frescas nesse disco
Aqui na terra ‘tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock’n’ roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol
Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta
A Marieta manda um beijo para os seus
Um beijo na família, na Cecília e nas crianças
O Francis aproveita pra também mandar lembranças
A todo pessoal                                                                                                        

Adeus

 

Marco Aurélio Rodrigues Freitas é jornalista e professor das redes municipal e estadual de São Paulo. Escreve todas as semanas no site Planeta Osasco. 

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Marco Aurélio

Marco Aurélio Rodrigues Freitas, Jornalista, Biomédico, Historiador e Professor das redes municipal e estadual de São Paulo. Crônicas no Planeta Osasco.

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