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Casa França-Brasil reabre no RJ com exposição que celebra seus 30 anos

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Com a exposição Casa Aberta-Passagens, o Centro Cultural Casa França-Brasil reabriu as portas hoje (3), após um ano fechado em razão da pandemia da covid-19, para comemorar os 200 anos de construção do espaço e os 30 anos do equipamento cultural, ambos completados no ano passado.
O curador da mostra, Ricardo Resende, disse em entrevista à Agência Brasil, que a Casa França-Brasil funcionou no passado durante mais de 100 anos como uma alfândega, um espaço de passagem “de mercadorias e almas” que entravam e saíam do Brasil, incluindo ouro, diamantes, café e até escravos, que foram transformados em “mercadoria humana”. 
“É como um espaço de passagem mesmo”, disse, ao explicar a escolha do nome Casa Aberta-Passagens para a exposição de reabertura do equipamento, no Boulevard Olímpico, região central da cidade do Rio de Janeiro.

A obra Barco, de Arlindo de Oliveira, em exposição na Casa França-Brasil – Tânia Rêgo/Agência Brasil

História
Foram convidados para participar da mostra dez artistas, que celebram, a partir de seus trabalhos, a reabertura do espaço cultural no país, de modo a estimular novas vivências, gerando reflexões sobre toda a trajetória do local, cujo edifício foi projetado pelo arquiteto da Missão Artística Francesa, Grandjean de Montigny, e encomendado em 1819 por D. João VI. 
Inaugurado em 13 de maio de 1820, o primeiro prédio da arquitetura neoclássica registrado no Brasil deu à cidade do Rio de Janeiro uma atmosfera cosmopolita europeia e foi a primeira Praça do Comércio do Rio de Janeiro, então sede do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves.
Em 1824, o edifício foi transformado em alfândega. A construção foi tombada pelo Departamento do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, atual Iphan, transformada inicialmente em depósito para os arquivos do Banco Ítalo-Germânico e, posteriormente, em sede do II Tribunal do Júri. 

Centro cultural Casa França-Brasil reabre após um ano fechado com a mostra Casa Aberta-Passagens – Tânia Rêgo/Agência Brasil

Em 1990, a Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro restaurou a construção, resgatou as linhas arquitetônicas originais projetadas por Montigny e inaugurou a Casa França-Brasil. 
O curador Ricardo Resende assegurou que a reabertura da programação da Casa França-Brasil será feita com toda a cautela, com obrigatoriedade do uso de máscara e de álcool em gel. A cada vez entrarão dez pessoas para visitar a mostra, para não colocar o público em risco de contaminação, uma vez que o espaço é grande e bem ventilado. Ele disse que não será necessário pré-agendamento para visitar a exposição.
Interpretações
Ricardo Resende explicou que, no caso de alguns artistas, como Efrain Almeida, a curadoria buscou na obra algo que dialogasse com o tema central da exposição. “Foi uma oportunidade de mostrar um trabalho que, justamente, fala de migração, do fluxo migratório do Sul para o Norte e, depois, do Norte para o Sul. É um trabalho também de memória afetiva que o artista tem. Se refere à infância do artista, às memórias dos pais, da casa onde nasceu e cresceu. É uma homenagem ao pai, um trabalho poético que fala de passagem, como se aquele trabalho tivesse atravessado as portas e pousado no chão da Casa França-Brasil, como um repouso”.
Resende destacou ainda os trabalhos de três artistas do Museu Bispo do Rosário, ex-internos da Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá, zona oeste do Rio. Eles foram convidados para pensar a palavra passagem, cada um à sua maneira. Patricia Ruth, por exemplo, retratou a estrada que a trouxe de Belém do Pará para o Sul do país, com suas paradas. “Para ela, passagem é essa estrada que a joga para o mundo, para o Rio de Janeiro”. 
Já Leonardo Lobão pensou no tempo anterior à sua internação em que ia para a Barra da Tijuca pegar ondas. “Para ele, passagem é o melhor tempo de sua vida. Significa abrigo, o tubo de uma onda. Lobão trabalha com a memória dele”, disse o curador. 

Obra Point de Surf, de Leonardo Lobão, em exposição na Casa França-Brasil – Tânia Rêgo/Agência Brasil

Arlindo Oliveira cria fragatas, como se aqueles barcos estivessem aportando na Casa França-Brasil. Ali também era um porto, o maior do Brasil no século 19 e boa parte do século 20. Ali ancoravam mais de 2.600 barcos por ano”.
Participam da exposição os artistas Adriano Machado (BA), Arlindo Oliveira (RJ), Claudia Hersz (RJ), Efrain Almeida (CE/RJ), Emerson Uýra (AM), Ivan Grillo (SP), Leonardo Lobão (RJ), Marcela Bonfim (SP/RO), Panmela Castro (RJ) e Patrícia Ruth (PA/RJ).
A exposição tem patrocínio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo e governo federal, por meio da Lei Aldir Blanc.

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