Pesquisa Fiocruz: Mortes no município do Rio cresceram 64% de abril a maio
As mortes ocorridas fora dos hospitais praticamente dobraram nos meses de abril e maio de 2020, na cidade do Rio de janeiro, em comparação com a média dos três anos anteriores. O dado é de uma pesquisa da Fiocruz, que acredita que isso pode estar relacionado à sobrecarga no sistema de saúde por causa da Covid-19, o que levou à desassistência não apenas de muitos pacientes infectados,mas também a de pessoas que padeciam de outras doença.
De acordo com a pesquisa, de modo geral, os óbitos no município do Rio aumentaram 64% nesses dois meses, o que significa 7.450 mortes a mais do que a média de 2017 a 2019. Já as mortes em unidades básicas de saúde não hospitalares cresceram 110%, enquanto as ocorridas em casa tiveram um salto de 95%.
O vice-diretor do Instituto de Comunicação em Saúde da Fiocruz, Christovam Barcellos acredita que os dados mostram impacto em todo o sistema de saúde e não apenas na rede hospitalar.
Também chama atenção o grande volume de mortes sem diagnósticos, cerca de mil a mais, em abril e maio últimos, frente à média dos anos anteriores.
Três em cada quatro óbitos além da média foram decorrentes da Covid-19, mas o restante pode ter ocorrido por falta de assistência, principalmente a doentes crônicos. Isso é reforçado pelo cruzamento entre algumas causas de morte com os locais em que elas ocorreram.
Os óbitos por doenças infecciosas e parasitárias, por exemplo, o que inclui a Covid-19, cresceram quase 800% em unidades básicas de saúde, e cerca de 600% em domicílios. Mas as vítimas de doenças endócrinas e metabólicas, como o diabetes, que faleceram em casa, também mais do que dobraram, e foi registrado ainda aumento dos óbitos em domicílio por doenças do sistema nervoso, dos aparelhos respiratório, digestivo, circulatório, genital e urinário e por tumores.