Especial: Entre apoios e protestos, Brasília sai do papel pelas mãos de Juscelino Kubitschek
Era 4 de abril de 1955 quando, em um comício na cidade goiana de Jataí, o então governador de Minas Gerais e candidato à Presidência da República Juscelino Kubitschek foi surpreendido por Antônio Soares Neto, o Toniquinho da Farmácia.
O próprio JK gravou um depoimento lembrando o episódio.
Quando inaugurou Brasília, em 21 de abril de 1960, o presidente Juscelino Kubitschek cumpriu um mandamento constitucional que havia sido ignorado pelos antecessores. Três das quatro Constituições do Brasil República determinavam a transferência da capital para o interior, desde 1891. E estudos sobre a mudança já estavam em curso.
O publicitário João Carlos Amador, autor do livro “Histórias de Brasília”, conta que a pergunta de Toniquinho não foi tão surpreendente quanto disse Juscelino.
Desde a República Velha, os mapas oficiais já traziam o retângulo de 90 quilômetros de extensão por 160 quilômetros de largura conhecido como Quadrilátero Cruls.
Mas a nova capital enfrentava resistência até mesmo por parte de parlamentares. Alguns eram contra a mudança para o Planalto Central e sugeriam outras localidades, enquanto outros não queriam nem discutir a possibilidade de tirar a capital do Rio de Janeiro.
Foi baseada na Constituição de 1891 que o presidente Epitácio Pessoa determinou, em 1922, o lançamento da pedra fundamental da nova capital, na cidade de Planaltina.
A Constituição de 1934, na Segunda República, manteve o plano de transferir a capital, mas a do Estado Novo, em 1937, deixou o assunto de lado.
Depois de inúmeras greves e protestos contra o governo, a mudança voltou ao texto constitucional de 1946, como forma de afastar a pressão sobre o centro do poder e evitar golpes de Estado.
O escritor e pesquisador João Carlos Amador afirma que até mesmo Juscelino Kubitschek se via ameaçado com a capital no Rio de Janeiro.
Com a decisão de mudar a capital, faltava escolher o projeto a ser construído.
Com produção de Graziele Bezerra.