
Osasco (SP) – Em uma contribuição histórica de valor inestimável para a preservação da memória local, o pesquisador e jornalista Hagop Koulkdjian, conhecido como Hagop Garagem, realizou uma apuração fundamental que redefine nossa compreensão sobre as origens da cidade de Osasco. Seu trabalho minucioso não só corrige mitos consolidados, mas também resgata a importância de personagens e territórios esquecidos pelo tempo.
Desvendando as primeiras transações
Contrariando a narrativa difundida de que Antônio Agu teria sido o grande proprietário de Osasco, Hagop apura que, na verdade, ele adquiriu apenas uma fração do que hoje compõe o município. Na escritura de junho de 1887, foram vendidos a Agu as “casas, ranchos, forno e demais terrenos dentro dos limites” de um sítio onde já funcionava uma olaria – e, sete meses depois, o sítio paradisíaco batizado de “Ilha de São João”, com seu vinhedo de 30 000 pés de vinha, bananeiras e engenho movido a água.
A real – e amarga – razão da venda para Agu
Hagop foi além ao localizar nos registros a cláusula que quitava a hipoteca de João Pinto Ferreira com José Mariano, evidenciando que os investimentos entre 1884 e 1888 não deram o retorno esperado. O pesquisador aponta que essa falência levou à venda de todo o patrimônio de Ferreira, desmontando a ideia de que teria sido uma simples transação de expansão territorial.
Mapas, valos e vales
Utilizando mapas antigos e anotações cartoriais, Hagop concluiu que o “valo do doutor Jaguaribe”, tão citado nas escrituras, corresponde hoje ao entroncamento das ruas Narciso Sturlini, Analice Sakatauskas e Avenida Bussocaba. A partir desse marco, traçou a linha até o córrego João Alves, delimitando os bairros de Centro, Jardim Agu, Vila Granada e Bela Vista como desdobramentos diretos do sítio adquirido por Agu .
Impacto para a preservação histórica
Graças à investigação de Hagop Garagem, a história de Osasco ganha precisão e riqueza de detalhes que influenciam diretamente projetos de tombamento, roteiros de turismo histórico e materiais pedagógicos.
“Sem o rigor e a paixão de Hagop, continuaríamos presos a lendas que distorcem nossas raízes”, comenta o jornalista Gabriel Martiniano, integrante do CMIO.
Reconhecimento merecido
A sociedade e as instituições culturais de Osasco devem a Hagop Koulkdjian o resgate de um capítulo essencial de sua formação. Sua apuração, combinando documentos originais, itinerários cartográficos e entrevistas em família, eleva o patamar da pesquisa local e inspira novas gerações a valorizar a própria história.
Em tempos em que as grandes narrativas são frequentemente simplificadas, Hagop Garagem se destaca como um verdadeiro guardião da memória osasquense, lembrando a todos que cada metro quadrado da cidade tem suas próprias histórias — e que respeitá-las é construir um futuro mais consciente.
O conteúdo base dessa matéria e a apuração foram inspirados por publicações no perfil do facebook de Hagop e em seu portal de informações, bem como as imagens: www.hagopgaragem.com.br