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História das eleições: Igreja Católica denunciou Rossi

O Planeta Osasco, via Coletivo de Mídia Independente, encontrou um texto histórico, que mostra a reação da igreja Católica contra medidas apontadas como autoritárias pelo ex-prefeito Francisco Rossi – quando candidato a governador de São Paulo, na disputa pelo segundo turno contra o ex-governador Mario Covas. Raramente a Igreja Católica se pronunciou de forma tão contundente em municipalidades.

Atualmente Rossi retornou com força à vida pública, aparecendo em comícios e apoiando candidatos. O CMIO (Coletivo de Mídia Independente de Osasco), através da sugestão de um internauta, pretende recuperar trechos da história política da cidade e estabelecer -antes das eleições- compromisso dos candidatos e apoiadores contra possíveis retrocessos.

Para saber
Segundo a Folha de SP, na época o ex-prefeito em possível represália às ocupações dos Sem Tetos, uma delas ocorrida no Jardim Conceição, que tinham a Igreja Católica como interlocutora, desapropriou quatro lotes da Igreja em Osasco, um deles destinado à construção da nova Cúria do Município. Determinando que fossem considerados de utilidade pública.

No texto, o bispo reporta-se às declarações de Rossi na rádio Difusora e em entrevista para a tv, quando teria chamado o Bispo Dom Francisco Manuel Vieira de “anticristo” e os padres de “canalhas”.  Veja a íntegra do texto, que é de 04 de novembro de 1994, e confira:

Igreja de Osasco faz campanha contra Rossi
CARLOS MAGNO DE NARDI ALEXANDRE SECCO
Pedetista é acusado de perseguir a Cúria porque padres interferiram em conflito entre a prefeitura e sem-teto
CARLOS MAGNO DE NARDI
ALEXANDRE SECCO via FOLHA DE SP

A Diocese de Osasco começa a distribuir 6.000 cartas em repúdio às medidas adotadas contra a Igreja e os sem-teto pelo candidato do PDT ao governo do Estado, Francisco Rossi, durante sua gestão na Prefeitura de Osasco (89 a 93).
Destinada a todas as dioceses do interior, a carta relata a atuação do então prefeito durante a ocupação de uma área pública por 600 famílias em maio de 91.

Segundo o vigário-geral da diocese, padre Elídio Mantovani, o objetivo do documento é esclarecer a forma de relacionamento do pedetista com a sociedade.

Quando era prefeito de Osasco (cidade da região metropolitana de São Paulo), Rossi teria revidado a interferência de padres católicos na invasão de terras assinando decretos de desapropriação para quatro lotes da Igreja.
"Foi uma atitude vingativa e despótica", disse à Folha o bispo diocesano de Osasco, dom Franciso Manuel Vieira.
Para Vieira, a atitude do ex-prefeito é "reveladora de um caráter autoritário".

"Esse homem no governo de São Paulo será um descalabro, algo muito ruim", afirmou.
Segundo Rossi, os terrenos desapropriados seriam usados para o assentamento dos invasores.
Um mês após a invasão, Rossi conseguiu na Justiça a reintegração de posse da área pública. As famílias foram retiradas pela Polícia Militar e acamparam ao lado da prefeitura.

Segundo a diocese, o prefeito teria se negado a negociar com os sem-teto acampados. Lideranças políticas locais e padres passaram a criticar Rossi e cobrar uma solução para os invasores.
A crise entre o prefeito e a Igreja começou com uma entrevista concedida à TV pelo bispo Vieira, criticando a ação da prefeitura.

Rossi foi a um programa de sua estação de rádio, a Difusora, para rebater as críticas do religioso.
No programa, o prefeito acusou o bispo de "anticristo" e chamou os padres de "canalhas".
A fala radiofônica de Rossi é reproduzida na carta elaborada pela Diocese de Osasco.

Depois das acusações pelo rádio foram publicados os decretos de utilidade pública para fins de desapropriação dos lotes da igreja.

O primeiro lote da igreja atingido foi o que era reservado para a construção da Cúria -uma área de 706 metros quadrados, na rua da Saudade, ao lado da catedral de Osasco.
A Igreja entrou na Justiça para conseguir anular os decretos. No final de seu governo, antes de uma decisão judicial, Rossi os revogou.
 
Publicado originalmente pela Folha de SP em 04 de novembro de 1994
Indicado por Fatos & História – CMIO Coletivo de Mídia Independente de Osasco

 

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Gabriel Martiniano

Jornalista profissional, fundador da Ticketbras e cidadão de Osasco

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