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MARIELLE E ANDERSON GOMES, PRESENTE

MARIELLE E ANDERSON GOMES, PRESENTE

 

Opinião do Marco Aurélio

 

Estou tentando ler tudo o que posso sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco do PSOL carioca. A capa da Folha de hoje – domingo – diz que o interventor na segurança do Rio, o general Walter Souza Braga Netto, não falou nada sobre Marielle quando fez uma aparição pública na Vila Kennedy.

Na mesma edição, Elio Gaspari, do seu jeito, relata os assassinatos do estudante Edson Lima Souto em 28 de março de 1968 e de Marielle no último dia 14 de março. Para ele, o assassinato foi um recado dos criminosos ao governo e à sociedade. Não sei. Fica pergunta: quem realmente mandou assassinar a vereadora?

No dia 17 de março, também na Folha, André Singer escreve: “o assassinato de Marielle representa o fracasso de minha geração, que apostamos todas as fichas na democratização do país, para abolir a violência política do solo brasileiro” … “em que a tortura se convertera em orientação de Estado, nos organizamos para que os direitos humanos fossem o centro da nova democracia”.

No dia 16 de março, o Estadão publicou na sua capa que a vereadora assassinada havia denunciado crimes cometidos por PMs. Afirmando que o ataque desafiava a intervenção federal, depois de um mês. Sábado, dia 17 de março, a página A15 do jornal estampou a manchete que a munição que matou Marielle foi desviada da PF. Neste domingo, dia 18 de março, o mesmo Estadão, em sua capa, afirma que 194 ativistas políticos foram mortos em cinco anos, incluindo a vereadora Marielle e seu motorista Anderson Gomes. Afirmando que a tragédia traz de volta o debate sobre ameaças contra os defensores dos direitos humanos.

Artistas como Caetano e Chico também se manifestaram sobre o assassinato da vereadora e seu motorista. No show do Parque Lage, com Marisa Monte e Maria Gadu, inicialmente em protesto contra a censura à exposição “Queermuseu”, Caetano cantou Milagre do Povo, uma homenagem ao Jorge Amado e aos negros e um protesto pela incapacidade do Brasil em superar a escravidão.

Marielle tinha 38 anos, era mãe, negra, mulher de origem favelada, socióloga formada pela PUC com mestrado e ativista dos Direitos Humanos. Criada no Complexo da Maré. Atualmente, era relatora de uma Comissão de Vereadores da Câmara Municipal Carioca, que fiscalizava a intervenção militar no Rio. Nos últimos anos vivia com a arquiteta Monica Tereza, sua companheira de vida.

O assassinato de Marielle nos faz lembrar do atentado do Rio Centro e da cena do filme Tropa de Elite 2. Retomando André Singer e Elio Gaspari, espero sinceramente que essa tragédia não seja o prenuncio do que foi o ano de 1968 com o famigerado AI-5 ou o fracassado atentado do Rio Centro em 1981, nos derradeiros anos da Ditadura Militar.

Acabei de ver uma imagem na Globo do show de Katy Perry abraçando a irmã e a filha da vereadora e pedindo um minuto de silêncio para Marielle. Prova que o mundo todo está olhando o Brasil hoje.

 

Marco Aurélio Rodrigues Freitas é historiador, biomédico, jornalista e professor das redes municipal e estadual de São Paulo. Escreve todas as semanas no site Planeta Osasco.    

 

 

 

 

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Marco Aurélio

Marco Aurélio Rodrigues Freitas, Jornalista, Biomédico, Historiador e Professor das redes municipal e estadual de São Paulo. Crônicas no Planeta Osasco.

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