Crianças e adolescentes têm mudança de comportamento na pandemia
No começo pareciam férias fora de época, folga da escola, tempo livre para dormir e ver televisão. Mas depois foi ficando entediante e cansativo. É assim que o adolescente João Lustosa, de 14 anos, descreve os meses de pandemia e isolamento social. Ele conta que a adaptação às aulas online foi muito difícil e que o aprendizado ficou bem comprometido.
E a mãe do João, Ana Flávia, conta que o comportamento do filho mudou não só em relação à escola, mas também no humor e nos hábitos do dia a dia, perdendo interesse em atividades que antes adorava.
Uma pesquisa encomendada pela Fundação Lemann e pelo Instituto Natura com 2.100 crianças e adolescentes mostrou que, como o João, 94% deles tiveram alguma mudança de comportamento na pandemia. E é exatamente isso que a psicóloga Raquel Marinho tem visto em consultório desde o começo da pandemia: os pequenos estão sofrendo muito com o isolamento social, falta de convívio familiar e aulas online, além do medo da doença. O aumento da procura por ajuda psicológica foi enorme.
Raquel destaca que a família precisa observar de perto as crianças e jovens nesse período para tentar identificar comportamentos e falas diferentes. Ela explica quais os sinais de alerta que precisam ser observados pelos pais.
De acordo com a pesquisa, mais da metade das crianças e adolescentes ganharam peso na pandemia; 44% se sentiram tristes e quase 40% tiveram medo. A pesquisa também ouviu jovens de 10 a 15 anos para entender as suas expectativas e descobriu que 75% deles sentem falta das aulas presenciais ou de algum professor.