Pesquisa: 75% das cidades registram casos de “sommelier de vacina”
Uma pesquisa da Confederação Nacional dos Municípios mostra que em cada quatro cidades no Brasil, três registraram casos dos chamados sommeliers de vacinas. São aquelas pessoas que preferem escolher qual vacina tomar.
A vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Isabella Ballalai, alerta que esse comportamento representa risco tanto para a pessoa que pode perder a chance de ser imunizada logo, quanto para o restante da população. Isso porque enquanto a cobertura vacinal em todo o país não for alta, com as duas doses da vacina, a pandemia não estará controlada.
O levantamento foi feito de 12 a 15 de julho, com 2.826 prefeituras, que representam 50,8% dos municípios brasileiros. Somente 0,4% das cidades deixam as pessoas escolherem a vacina e em 7%, é possível voltar ao posto de vacinação quando chegar o imunizante desejado. Em 47%, é aplicada a vacina que estiver disponível. E, em 19% dos municípios, quem tenta escolher vacina perde a prioridade e vai para o fim da fila.
Algumas prefeituras chegaram a editar decretos para punir os sommeliers de vacinas. Entre elas, Criciúma, em Santa Catarina; São Bernardo do Campo, em São Paulo; e Juruaia, em Minas Gerais.
A professora de Direito da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro, Flávia Bahia, considera que esses decretos violam a Constituição Federal. Para ela, não vigora no país a imunização compulsória da vacina contra a covid-19.
A especialista em direito alerta que quem perder a chance de se vacinar, pode ser proibido de entrar em locais privados, como clubes, hotéis, salas de aula e, até mesmo, o local de trabalho.
*Com produção de Michelle Moreira e Lucineia Siqueira.