A crise que vive Osasco, com a prisão de 14 vereadores não tem precedentes em nossa história. Nem na História do Brasil. Por mais que alguns fujam do debate sobre o processo político que não termina agora e começou há muito tempo, é necessário ler dois cenários: primeiro, o cenário político, que agregou forças para a disputa eleitoral, culminando num resultado de crise permanente e prevista por todos que acompanham a política.
Segundo, o cenário jurídico eleitoral, que procura respostas apenas para a prisão e libertação, escamoteando a disputa entre poderes no campo jurídico brasileiro, o que prejudica em muito o processo de combate à corrupção vivido no país.
Claro que muitos focam no personagem político RL, como se a sua posse representasse o equilíbrio das placas tectônicas da política local e a volta da calma climática no panorama do governo municipal. Pura ilusão de quem pensa assim. A partida só começou.
A sua liberdade, por liminar e fiança, e permanência dos demais vereadores em Tremembé, faz que a população se pergunte: por que só ele? Como alguém pode ser solto sem pagar fiança, deixando para segunda-feira? E, por fim, quem vai pagar pela libertação do acusado?
Poderíamos estabelecer comparações com o governo Temer. O grupo Temer, comandado pelo velho Centrão da época da Constituinte de 1988, pensava que o afastamento da presidente Dilma e do PT determinaria automaticamente o fim da crise econômica, política, ética e democrática. Isso não aconteceu e nem acontecerá. Teremos os mesmos e novos problemas em 2017.
Os últimos 28 anos no Brasil trouxeram conquistas definitivas para a população excluída do país. Ulisses Guimaraes chamou a nossa constituição de Constituição Cidadã, capaz de construir um processo de transformação permanente de combate aos desequilíbrios históricos do país, que entre outras coisas, foi o último país no mundo a acabar com a escravidão, não por convicção dos velhos fazendeiros, mas uma necessidade econômica apenas.
O preconceito e a discriminação continuaram.
Há uma parte de nossa elite que sonha voltar ao poder por qualquer via e não esqueceu de nada, pois não aprendeu nada nesses últimos trinta anos.
Há uma parte pequena da imprensa que também pensa e age da mesma forma. Não percebem que são como os velhos capitães do mato, usados para perseguir e capturar negros, sem conquistar nenhuma credibilidade ou respeito junto aos seus patrões e descartados sem dó, quando não interessavam mais.
2017 promete. Promete ser muito pior que 2016 para a velha elite econômica e política brasileira. Mas, sem dúvida, será muito melhor para o povo que quer um Brasil mais igual, mais democrático e com menos exclusão. Feliz 2017, para todos nós, povo brasileiro.
Marco Aurélio Rodrigues Freitas é jornalista e professor das redes municipal de estadual de São Paulo. Escreve todas as semanas no site Planeta Osasco.