Ser ou não ser a favor da redução da tarifa do ônibus em Osasco. Eis a questão do governo municipal.
O Prefeito de Osasco está com uma bela batata quente nas mãos. Reduzir ou não reduzir as tarifas de transporte municipal, eis a questão. Com recessão forte, queda da arrecadação, pressão das empresas de ônibus e dos movimentos populares, um modelo ultrapassado e baseado no duopólio do transporte municipal, pouca margem de negociação e sem apoio da Câmara Municipal, a vida do prefeito não está fácil, mas governar é assim mesmo. Faz parte …
Desde 2014 estamos numa crise econômica no Brasil, que vem reduzindo muito as receitas públicas, cerca de 13,7% só nos últimos doze meses. Nos municípios, a queda não é nada diferente. O governo federal, ainda, contou com a entrada de recursos da chamada repatriação (aquele dinheiro mandado irregularmente pelos ricos para o exterior, que a Dilma criou uma lei para traze-lo de volta e que acabou salvando o ano de Temer, que no ano passado foi de 45 bilhões de reais). Mas os municípios não têm isso.
Vivemos uma recessão quase sem fim. A queda da inflação não é obra do Ministro da Fazenda, mas fruto da recessão, pois as pessoas não têm dinheiro para comprar, e as empresas tem que baixar seus preços para poder sobreviver. É só a gente ver a queda dos alugueis, por exemplo.
Em Osasco, o transporte coletivo se confunde com a historia de nossa cidade. Para contar essa história, vou precisar citar nomes de prefeitos passados, mesmo sabendo que os internautas não gostam muito, mas não tem jeito. Então, vamos lá. A CMTO foi criada pelo governo PARRO em 1986 para combater o duopólio das empresas de ônibus, com uma primeira linha da Vila Yolanda para o Helena Maria.
Anos antes, o governo anterior de Guaçu Piteri havia acabado com a Cooperativa que controlava e cuidava do transporte com micro-ônibus, o único grupo econômico que enfrentava o duopólio do transporte em Osasco.
Depois, os governos Giglio/Silas nada fizeram para mudar o cenario do transporte da cidade, apenas seguiram os preços de São Paulo, Ah, a CMTO foi sucateada na época. No período Emidio, houve um grande debate sobre o Transporte Público, com o objetivo de criar o Bilhete Único. Não nasceu o Bilhete Único, mas surgiu o Passe Livre para Estudantes de Baixa Renda, o Cartão Bem (para aposentados, estudantes, deficientes e pensionistas) e programas como o Atende, para cadeirantes e pessoas de baixa moblidade.
No governo Lapas, o processo de ampliação do Passe Livre continuou, criou-se um aplicativo para o usuário e a modernização e troca de ônibus prosseguiram, pois para quem lembra no período Giglio/Silas os ônibus da CMTO eram ainda do periodo Parro, ou seja, tinham mais de 20 anos de uso. Vale destacar que o governo anterior enfrentou a crise de 2013, reduzindo as tarifas, uma das maiores reduções de toda a região.
Agora, o aumento, mesmo sendo pesado, não engessou o orçamento, mais é muito pesado. Segundo o governo anterior, Osasco não gasta em subsidio para o transporte coletivo, mas mantém os programas sociais intactos. Cabe ao atual prefeito fazer sua obrigação como governo, debater democraticamente com a sociedade uma solução que seja boa para todos. Basta ele dizer para os políticos que o apoiaram que ele agora tem que pensar na cidade e nas pessoas.
Governos fazem parte de um processo de avanços e recuos. Dá para avançar, é só o prefeito dizer não para as duas grandes empresas de ônibus, que dominam o transporte público em Osasco, desde os anos 70 do século passado.
Marco Aurélio Rodrigues Freitas é jornalista e professor das redes municipal de estadual de São Paulo. Escreve todas as semanas no site Planeta Osasco.