Osasco e São Paulo: saúde renovada de propaganda?
Saúde renovada, de propaganda, populismo ou ganância?
Por Vinicius Sartorato – Como todo brasileiro sabe, a situação da saúde pública é bastante complexa no país. Nas cidades de Osasco e São Paulo, esse quadro não é diferente. Para se ter uma ideia, a fila de espera para atendimento está em 485 mil pessoas para capital e 230 mil para Osasco – segundo informações das próprias prefeituras.
Em Osasco, o prefeito recém-eleito, Rogério Lins, chegou a afirmar que “sua família é usuária da saúde pública municipal”, mas a população parece não acreditar nisso. Para acabar com a fila de espera, ele propôs quatro ações essenciais: a contratação de 300 médicos; o estabelecimento de convênios com hospitais privados; a criação de um programa/mutirão chamado “Saúde Renovada”; e a instalação das chamadas “Carretas da Saúde”.
Já em São Paulo, o sempre midiático Prefeito João Dória Jr. lançou dois programas polêmicos, o programa “Corujão da Saúde” e o “Remédio Rápido”. O primeiro com a promessa de acabar com a fila de espera na cidade; e o segundo, voltado para aprimorar a distribuição de remédios, através de convênio com redes de laboratórios e farmácias comerciais.
No entanto, ao analisarmos os casos, ficamos chocados em ver que em Osasco, os 300 médicos, viraram 140 – e estes nem foram contratados; o convênio com hospitais privados não se concretizou; as “Carretas da Saúde” e a tal da “Saúde Renovada” seguem sendo promessas. Ou seja, continuamos na mesma! Pior que isso, é ver vereadores da própria base aliada, questionando contratos, denunciando médicos, processos fraudulentos e duvidosas indicações políticas. É o fim do mundo!
Por sua vez, em São Paulo, a população está reclamando dos horários alternativos e especialistas indicando que existe uma “maquiagem” sobre os números do programa “Corujão”. Paralelamente, o “Remédio Rápido”, vem sendo acusado de privilegiar grandes laboratórios e farmácias. Fato que pode destruir empregos, dificultar o acesso da população periférica a medicamentos e – pasmem – pode acabar com a estrutura de farmácias públicas da cidade!
Neste sentido, as similaridades entre as duas cidades são enormes. A promiscuidade política entre os interesses dos políticos, dos hospitais privados, dos laboratórios, das farmácias e da mídia é clara. Enquanto, esses programas não resolvem os problemas de fato, mas servem só de propaganda. Enfim, o sucateamento do setor é perceptível e parece ser proposital, escondendo a sanha eleitoral e a ganância econômica daqueles que veem a saúde pública como uma mercadoria. Daí perguntamos: Saúde renovada, de propaganda, populismo ou ganância?
Vinicius Sartorato, sociólogo, 35 anos. Mestre em Políticas de Trabalho e Globalização.