Por MARCO AURÉLIO – Em 25 de abril de 1984, no grande comício da Sé por eleições diretas para Presidente, onde as ruas se enchiam de brasileiros para forçar a votação da Emenda Constitucional do Deputado Federal Dante de Oliveira, eu e meus amigos estávamos lá.
Fomos de trem e metrô, num domingo à tarde. Todos jovens e universitários. E não nos arrependemos de nada. O Brasil precisava dizer que estava vivo e que queria escolher o seu presidente. Queria votar, como agora queremos de novo escolher nosso presidente. Faz 34 anos, mas a luta prossegue em busca de um país melhor e mais justo. Aliás tem que ser sempre assim.
No Palanque estavam as grandes lideranças políticas da época, comandadas por Osmar Santos. Estavam lá Franco Montoro, Fernando Henrique Cardoso, Lula, Tancredo Neves, Ulysses Guimarães, José Serra, Mário Covas, Teotônio Vilela, Eduardo Suplicy, Leonel Brizola, Miguel Arraes, mais artistas, intelectuais, estudantes, sindicalistas e muitos trabalhadores.
As Diretas Já em Osasco
Osasco também viveu o clima das Diretas Já. Houve um comício enorme no Largo de Osasco com a presença de políticos, partidos da época, artistas, intelectuais e a bela Bruna Lombardi.
Em 1978, na última “eleição” da Ditadura Militar, que escolheu o General Figueiredo, o MDB lançou seu “candidato” o General Euler Bentes Monteiro. No Colégio Eleitoral deu Figueiredo para um mandato de 6 anos, com com 355 votos (61,1%) contra 226 dados a Monteiro (39,9%). Já era um indício de que a Ditadura estava enfraquecendo, pois na escolha de Geisel, em 1974, o general teve 400 (84%) votos contra 76 ( 16%) dados a Ulisses Guimaraes.
Em 1978, na escolha do General Figueiredo, houve um comício no Largo de Osasco, organizado pelo MDB. Sai do Jardim das Flores com meus amigos e conosco foi o avô do Carlão. Ao chegarmos na casa de Carlos, ele pediu que esperassemos um pouco pelo avô. Minutos depois, surgiu seu avô, como se fosse a uma festa, de terno e gravata. Fomos todos de micro-ônibus. Mas, houve uma fala de FHC que me marcou, quando chamou os militantes do MDB – que tinham medo das eleições diretas – de Arenosos, numa referência à ARENA, partido criado pela Ditadura.
Em 1984, também havia arenosos entre nós, gente que tinha medo das eleiçoes diretas. Nossas familias, talvez por medo de violência da Ditadura Militar, que ainda viva em nossa memória. Minha mãe dizia: “é melhor você não ir ao comicio da Sé filho, pode ser perigoso”.
2017, o novo ano das Diretas Já.
Em 2017, o movimento pelas Diretas cresce muito junto ao povo. Como em 1984, muita gente vem optando pelas Diretas Já. Sem medo de ser feliz novamente. Ontem mesmo, todas as midias divulgaram a declaração de FHC em defesa das eleições diretas. Kenedy Alencar, em seu blog, afirma que Lula e Marina Silva, que já são a favor de novas eleições para Presidente, devem ficar ao lado de FHC. Carlos Zaratini, lider do PT na Câmara, disse no Estadão de sábado que a oposição vai procurar deputados descontentes para conversar sobre a antecipação das eleições presidenciais. Como faziam Ulisses Guimnaraes e Montoro.
A politica não pode se resumir ao plano jurídico, como muitos acreditam. Eleições diretas são o único e melhor caminho para qualquer democracia no mundo. A sociedade brasileira já errou muito, quando apoiou os militares na aventura da Ditadura Militar, que atrasou o Brasil em 21 anos. Agora chega de fugir da democracia. Diretas Já para Presidente em 2017, para dar ao povo o poder de escolha nas urnas.
Marco Aurélio Rodrigues Freitas é biomédico, historiador, jornalista e professor das redes municipal de estadual de São Paulo. Escreve todas as semanas no site Planeta Osasco.