Opinião do professor MARCO AURÉLIO – Em Osasco, Entidades e ONGS dizem que existem cerca de 4 mil pessoas morando nas ruas de nossa cidade. São atendidas apenas 119 em dois abrigos públicos, segundo informações que consegui. A Prefeitura da Cidade não apresenta dados estatísticos sobre essa questão. Assim, não sabemos quantas pessoas realmente a Prefeitura de Osasco atende de fato.
Afinal, onde estão os moradores de rua de Osasco? São muitos? Osasco tem somente dois abrigos públicos -para atender apenas 119 pessoas?
Terça, Quarta e Quinta-feira, segundo a meteorologia, teremos uma das menores temperaturas em mais de 13 anos de inverno. 2017 promete. Na noite de terça-feira, assisti no Jornal da Globo uma reportagem extraordinária de Phelipe Siani sobre moradores de rua em São Paulo, reveladora da vida e dos dramas pessoais dessas pessoas que são obrigadas a dormir sem abrigo. (Vale a pena ver a reportagem no Globo Play).
Dados estatísticos mostram que na capital são mais de 16 mil moradores de rua (dados de 2015). Lá, a prefeitura diz que atende a metade deles. Sinceramente, não acredito.
Agora, quero fazer algumas perguntas para você leitor: os moradores de rua são invisíveis para nós, fora do inverno? Onde vivem? Onde se alimentam? Onde estão suas famílias? De onde vieram? Como e por que escolheram Osasco para viver? O que esperam da vida e da sociedade? O que faz o poder municipal para mudar a realidade dessa gente? São perguntas que me faço todo o tempo. Mas não obtenho nenhuma resposta.
O problema dos moradores de rua é uma coisa anunciada. Todos os anos sabemos que viveremos esse drama. Mas, os governos não fazem nada. Repetem, sem vergonha, as velhas campanhas do agasalho. Talvez porque essas pessoas estejam fora da economia. Não geram renda para ninguém, estão literalmente excluídas de tudo. Mas, como muitos, acredito que o papel de qualquer governo é olhar para essa gente. Afinal, mesmo no capitalismo, qualquer governo precisa ser humano e solidário.
É triste ver essa gente sofrendo nas ruas da cidade, nos faróis, nas esquinas, embaixo dos viadutos. Mas, enfim, todos vivem ao nosso lado e convivemos com essas pessoas todos os dias, não as enxergamos, apesar de vê-las todos os dias.
Sabemos que Osasco tem um IDHM de 0,776; na região, perde apenas para Barueri que tem um IDHM de 0,786. Mesmo assim, não tem conseguido reduzir os seus moradores de rua, que crescem sem políticas públicas para atendê-los e sem albergues suficientes para abriga-los. Hoje, pela manhã sai de carro a procura desses excluídos para fotografá-los. Não encontrei. Achei estranho. Seria Osasco uma cidade sem moradores de rua e um exemplo para o Brasil? Mas lembrei que dias destes, muitos, via twiter e facebook, alertaram a Prefeitura sobre o perigo que essa gente representa para a beleza cotidiana de nossa cidade.
Sinceramente, não acho que eles não existam por aqui. Acredito que foram “mandados” para algum lugar que não sabemos, naquilo que a gente chama de higienização. E você leitor o que acha?
Recomendamos o seguinte vídeo feito pelo repórter Phelipe Siani, da TV Globo, para o Jornal da Globo; https://globoplay.globo.com/v/6017025/
Marco Aurélio Rodrigues Freitas é jornalista, biomédico, historiador e professor das redes municipal e estadual de São Paulo. Escreve todas as semanas no site Planeta Osasco.
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