No Dia do(a) Professor(a) é comemorar e pensar no futuro…
CRÔNICA DO PROFESSOR MARCO AURÉLIO
Paulo Freire costumava dizer que: “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”. Perseguido pela Ditadura Militar, tornou-se uma referência em todo o mundo e, de novo no Brasil nos anos 80, com o fim da Ditadura, ajudou a transformar o país.
Em quase trinta anos de escola, conheci muitos Paulos Freires homens e mulheres. Como o capitalismo brasileiro não paga muito bem os profissionais da educação, a carreira tem na sua maioria professoras, apaixonadas e comprometidas com a construção de cada um de seus alunos e alunas.
Virei professor quase que por acaso, foi em 1986. Depois de uma DP em Biofísica, depois de trabalhar no IBGE durante o dia, depois de uma crise num grande e complicado amor, que me deixava algumas noites livres da semana. Fui, então, atrás de aulas de Biologia. Minha primeira escola foi a EE Joao Batista de Brito. Depois me efetivei no Campesina, completando minha carga horária no La Torre e no Liberatti.
Numa época em que o governo federal, acusado pelo doleiro Funaro de ter comprado o impeachment, cortar verbas e desmontar programas federais, que são resultado das demandas da sociedade brasileira, mentindo muito na televisão, ao falar do “insucesso” da reforma do ensino médio, não é mole ser professor. Mas é uma profissão única e maravilhosa. A mais nova pérola deste governo é o possível fim do piso nacional dos professores, lei da época do Haddad que mudou para melhor a realidade nacional da nossa educação.
O dia de hoje, 15 de outubro, criado em 1827 por Dom Pedro I, mostra muita gente dando parabéns aos professores, como se tudo fosse motivo apenas de comemoração. Convivi e convivo com amigos, que fazem da educação um objetivo de vida. É gente boa e séria, capaz de fazer dos sonhos de alunos excluídos uma realidade transformadora, num país tão injusto e desigual.
Costumo sempre dizer que as alfabetizadoras são nossas maiores professoras. Alfabetizar um aluno é lindo. E, hoje, nossas crianças são diversas. Há em nossas escolas negros, mestiços, brancos, hiperativos, deficientes auditivos, visuais e intelectuais, excluídos sociais e economicamente etc. Mas o modelo hegemônico ainda é para uma pretensa elite branca, como se a escola fosse apenas um espaço de transmissão de conhecimento. E não é mais. A escola é hoje um grande espaço multicultural e alfabetizar as pessoas permanece como a grande obra cidadã de todos nós professores.
Parabéns a todos os professores e professoras, como eu. Comemoro, em nome da minha primeira professora Elza, da Escola Primaria General Antônio Sampaio em Quitaúna. Escola, que na época, tinha duas salas de madeira.
Marco Aurélio Rodrigues Freitas é jornalista, historiador, biomédico e professor das redes municipal e estadual de São Paulo. Escreve todas as semanas no site Planeta Osasco.