MULHERES
Dia internacional da Mulher são todos os dias do ano…
Opinião do Marco Aurélio
Tônia Carrero e Fernanda Montenegro.
Pessoalmente, não gosto de datas comemorativas. As pessoas comemoram aquele dia e depois tudo volta ao normal ou ao anormal. Na minha primeira faculdade tínhamos um professor de sociologia que contava que as mulheres cubanas se recusavam a pintar as unhas, por acharem isso uma prática burguesa. Hoje, muitas escolas – em homenagem ao dia da mulher – dão às famílias e às alunas algo parecido com “um dia de princesa” e paradoxalmente não falam da luta da mulher por igualdade econômica e social.
Aprendi com as professoras de Osasco que as datas precisam ser lidas em os seus respectivos contextos. Por isso, elas não comemoravam as datas por si, mas as inseriam nos contextos de suas respectivas histórias. E falavam isso para as famílias. Era algo extraordinário e convincente. Transformavam tudo em projetos educativos, trazendo a Osasco algo mais consistente, mas real, mais transformador. Eram todas construtivistas.
No dia 08 de março, vemos na tevê reportagens com mulheres fazendo trabalhos que antes eram desempenhados apenas por homens. Hoje, vi na Globo, uma mulher motorista de caminhão e outra pedreira. Mas amanhã, todo mundo vai esquecer que as mulheres estudam muito mais que os homens, mais ganham menos, vão mais ao médico e não tem medo de vacina, ganham sempre menos que os homens em funções similares e são chefes de famílias desde a crise de desemprego do período FHC (fonte: IBGE).
Mesmo assim, é preciso comemorar o dia internacional da mulher todos os dias, em todos os meses do ano. Por tudo o que conquistaram e devem conquistar ainda. Passaram a votar no Brasil em 1932, na Ditadura Vargas. Queimaram sutiãs nos anos 60 com Beth Friedman nos EUA. Tiveram Simone de Beauvoir como referência feminista e filosófica. Passaram a defender e liberdade sexual. Lutaram contra a Ditadura Militar no Brasil. Conquistaram cargos de Prefeitas e até Presidente. E continuam lutando por igualdades, pela Lei Maria da Penha e contra o feminicidio no Brasil.
Marco Aurélio Rodrigues Freitas é jornalista e professor das redes municipal e estadual de São Paulo. Escreve todas as semanas no site Planeta Osasco.