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Opinião:  professor Marco Aurélio

 

 

 

Tenho um grande amigo, professor aposentado da rede estadual e ex-assessor de muita gente em Osasco na época do bom e velho MDB, que costumava dizer o seguinte sobre a justiça: “Marco, as pessoas precisam entender que na justiça a demora das decisões serve para minimizar a praticamente zero a possiblidade de erros nas decisões tomadas. Esse caminho é o melhor e o mais democrático para a sociedade”.

Falo isso, porque acabei de ler um texto de um procurador do Paraná numa rede social, com críticas à decisão do STF, que na terça-feira passada libertou o ex-ministro e ex-deputado José Dirceu.

Voltando ao meu argumento do primeiro parágrafo, penso que o procurador pensa como quem não aceita a lentidão da justiça como algo positivo. Na verdade, a lentidão da justiça é para que não ocorram injustiças e qualquer reação tipo Lei de Talião, que não é bem vinda e nem desperta desilusão popular. Ao contrário, o pensamento de Talião desperta retaliação, e nos leva à origem da humanidade, onde todos pareciam não acreditar em nada, a não ser na reciprocidade do crime e da pena. Outros amigos, advogados, falam a mesma coisa que meu amigo aposentado.

Quero afirmar que a desilusão popular no Brasil tem outra explicação, é fruto das enormes desigualdades da sociedade brasileira, das discriminações, dos preconceitos velados (como dizia Florestan Fernandes: preconceito de ter preconceito), do autoritarismo de nossas elites e da grande dificuldade em mudar de verdade a vida dos pobres neste país. Por isso, a participação popular é fundamental para transformarmos tudo.

Vivemos, há mais de 30 anos (1984) um forte movimento por eleições diretas. De lá para cá, tivemos muitas eleições e fomos aperfeiçoando nossa capacidade de escolha. Fomos entendendo que o melhor lugar do mundo é na democracia, e “aqui e agora”, como canta Gilberto Gil. O triste é que em 2018, parece estarmos voltando no tempo, onde as escolhas políticas parecem tender para o caminho de um tipo de Ditadura. Frequentemente ouço alguns colegas professores dizerem ter saudades do Esquadrão da Morte. Esquecem eles da morte de Vladimir Herzog e de muitos exilados, que só voltaram para o Brasil com a Lei da Anistia, no ocaso do Regime Militar.

 

Marco Aurélio Rodrigues Freitas é Jornalista, Biomédico, Historiador e Professor das redes municipal e estadual de São Paulo. Escreve suas crônicas todas as semanas no Planeta Osasco.

 

 

 

 

 

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Marco Aurélio Rodrigues Freitas, Jornalista, Biomédico, Historiador e Professor das redes municipal e estadual de São Paulo. Crônicas no Planeta Osasco.

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