Observatório

Butantan: entenda importância da vacina contra coqueluche, que tem aumento de casos

Criança com coqueluche

O número de casos de coqueluche na cidade de São Paulo dobrou entre janeiro e abril deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. O indicador acende um alerta, já que essa é uma doença mortal para crianças, mas que pode ser prevenida pela vacinação – bebês não imunizados com menos de 1 ano de idade são justamente as principais vítimas.

A coqueluche ou pertussis é uma infecção respiratória causada pela bactéria Borderella pertussis, conhecida popularmente como tosse comprida. Em contato com a bactéria, que se aloja na garganta humana, as crianças podem desenvolver insuficiência respiratória e ir a óbito.

A vacina pentavalente (difteria, tétano, pertussis, hepatite B recombinante e Haemophilus influenzae B conjugada) é oferecida gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS) aos dois, quatro e seis meses de vida. Mais dois reforços com a vacina DTP (difteria, tétano e pertussis), conhecida também como tríplice bacteriana infantil, são indicados aos 15 meses e aos 4 anos. 

“A coqueluche é caracterizada por acessos de tosse extremamente pronunciados e tende a ser uma doença muito mais grave em crianças abaixo de um ano de idade, que sofrem com a maior taxa de morbidade e hospitalização em Unidade de Terapia Intensiva [UTI]”, esclarece o infectologista e gestor médico de Desenvolvimento Clínico do Butantan Érique Miranda.  

Apesar disso, a taxa de cobertura da DTP em menores de 1 ano de idade na cidade de São Paulo em 2024 é de 45,25%; de 63,06% no 1º reforço com 1 ano de idade e de 41,40% de cobertura da dTpa em adultos, segundo o Ministério da Saúde. A pasta recomenda uma cobertura vacinal de mais de 80% para evitar que o vírus circule e possa causar epidemias. 

A vacina dTpa (versão acelular da DTP) é indicada para maiores de 7 anos que não tomaram a DTP, para profissionais de saúde e para grávidas até o terceiro trimestre de gestação. “A vacina protege a mãe e também o bebê que tende a sofrer muito mais se contrair a bactéria, podendo até precisar de ventilação mecânica em UTI”, afirma Érique.  

Levando em conta que a doença não traz imunidade a quem contraiu, ou seja, quem foi infectado pode voltar a tê-la, a recomendação é que adultos recebam doses de reforços da dTpa a cada cinco a 10 anos. 

No caso recente da capital paulista, pelo menos 17 casos de coqueluche foram confirmados entre janeiro e abril, enquanto no mesmo período do ano passado foram oito – a maioria dos casos recentes em bairros da zona oeste, seguidos da zona sul e leste. Apesar de parecer um número ainda pequeno, a dimensão muda na comparação com os 24 casos de coqueluche registrados em todo o estado de São Paulo em 2023, segundo o Ministério da Saúde.

“A vacinação é eficaz em prevenir surtos, mas ela precisa de reforços periódicos porque a imunidade não é duradoura. A gestante que teve um filho vai ter que tomar de novo em uma nova gestação. A criança tem que tomar o reforço até os sete anos de vida. E, para quem quer tomar a dose em clínicas, a cada dez anos”, ressalta o infectologista.

Transmissão e sintomas

A coqueluche é transmitida pelo contato com gotículas de pessoas contaminadas e é altamente transmissível, podendo gerar, a cada infecção, outros 17 casos secundários. Seu alto potencial de transmissão é semelhante ao do sarampo e da varicela, é muito maior do que o da Covid-19, que gera em torno de três casos secundários a cada infecção. 

A doença tende a se alastrar mais em tempos de clima ameno e frio, como na primavera e no inverno, devido ao fato das pessoas permanecerem mais em ambientes fechados. Basta um contato com a tosse ou secreção da pessoa com a enfermidade para se infectar.

A coqueluche é dividida em três fases: a fase catarral, que dura até duas semanas, marcada por febre pouco intensa, mal-estar geral, coriza e tosse seca. É a fase mais infectante e quando a frequência e a intensidade dos acessos de tosse aumentam gradualmente. A fase paroxística, que dura de duas a seis semanas, é quando a febre se mantém baixa, e começam as crises de tosse súbitas, rápidas e curtas, que podem comprometer a respiração. 

O fato de se fazer muita força para tossir pode causar saliência nos olhos, protusão na língua, salivação, lacrimejamento e vômitos, entre outros sintomas. A dificuldade respiratória pode, ainda, causar a cianose (coloração azulada da pele ocorrida em virtude da baixa oxigenação do sangue). Na fase de convalescença, os sintomas anteriores diminuem em frequência e intensidade, embora a tosse possa persistir por vários meses. 

Como a coqueluche não está associada à morbidade em adultos, a vacinação de reforço não é costumeira nessa faixa etária, o que favorece a transmissão para o público mais vulnerável – os pequenos.

“Não é uma doença qualquer e está relacionada à morbi-mortalidade de crianças. Em adultos, ela pode ser confundida com diversas outras doenças e infecções como sinusite, tosse crônica ou mesmo quadros de infecção por influenza ou tuberculose, atrasando o diagnóstico”, afirma Érique.

Os adultos muitas vezes são tratados empiricamente com antibióticos como azitromicina e não submetidos a culturas. Para o infectologista, esse aumento de casos em São Paulo pode ser a “ponta do iceberg”. “Apenas 10% dos casos em adultos são sintomáticos e parte destes procuram por serviços de saúde, então há uma possibilidade de subnotificação. Os adultos, portanto, sustentam a transmissão da doença”, esclarece o médico. 

Conteúdo Oficial – Gov SP

Concorra a prêmios surpresas ao fazer parte de nossa newsletter GRATUITA!

Quando você se inscreve na nossa newsletter participa de todos os futuros sorteios (dos mais variados parceiros comerciais) do PlanetaOsasco. Seus dados não serão vendidos para terceiros.

PlanetaOsasco.com

Matheus V.

Verifico e produzo notícias de Osasco, Barueri e região, monitoro o portal da transparência da cidade e faço checagem de licitações e compras públicas.

Artigos relacionados

Subscribe
Notify of
guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments
Botão Voltar ao topo
0
Queremos saber sua opinião sobre a matériax