Coluna – Sucesso olímpico, surfe e skate estão na mira paralímpica
O programa de modalidades da Paralimpíada de Paris (França), em 2024, será o mesmo de Tóquio (Japão), mas pode ter novidades para Los Angeles (Estados Unidos), em 2028. Em entrevista à Agência Brasil durante o Prêmio Paralímpicos, o presidente do Comitê Paralímpico Internacional (IPC, sigla em inglês), Andrew Parsons, revelou que há conversas para que esportes que conquistaram o público nos Jogos Olímpicos, como surfe ou skate, também ingressem no evento paradesportivo.
“Há duas semanas, demos o pontapé inicial no processo de seleção das modalidades para Los Angeles e, claro, observamos o sucesso, principalmente, de skate, surfe e escalada. Então, sim, estamos em contato com essas federações internacionais. Algumas estão mais adiantadas que outras no programa para atletas com deficiência, além de algumas outras modalidades. Esse processo vai até dezembro [deste ano] ou janeiro do ano que vem, para conhecermos as modalidades que estarão em 2028”, disse Parsons, que é brasileiro.
A Associação Internacional de Surfe (ISA, sigla em inglês), tinha expectativa de incluir a modalidade no programa de 2024, o que não ocorreu. Vale lembrar que as disputas olímpicas de Paris serão na ilha de Teahuppo, no Taiti, a mais de 15 mil quilômetros da capital francesa. Para 2028, as condições para prática do esporte na própria cidade de Los Angeles ou em locais próximos – como em Prismo Beach, onde ocorreu o Mundial de surfe adaptado do ano passado, em a cerca de três horas da sede dos Jogos – são um trunfo.
“Sabemos que o parasurfe pode entregar o mesmo engajamento [emoção e juventude] positivo e impactante que o surfe trouxe em Tóquio, sendo um divisor de águas para os Jogos. […] Com Los Angeles 2028 e Brisbane [Austrália] 2032 no horizonte, destinos renomados no surfe, o cenário não poderia ser mais perfeito para somar nosso esporte dinâmico à Paralímpiada”, declarou o presidente da ISA, Fernando Aguirre, em nota divulgada em setembro.
No Mundial de Prismo Beach, na Califórnia (Estados Unidos), o Brasil obteve com quatro medalhas de ouro e o terceiro lugar na classificação geral. Elias “Figue” Diel foi campeão na classe VL1 (cegos). Fellipe Kizu Lima venceu na Open-Sit (atletas que surfam sentados). Mike Richards Vaz levou a melhor na Stand 1 (surfistas com deficiência nos membros superiores e que manobram em pé) e Alcino “Pirata” Neto foi o ganhador na Stand 3 (competidores com restrição de membros inferiores, que também ficam de pé na prancha).
As disputas de paraskate integram o Dew Tour, circuito homologado pela World Skate (federação internacional da modalidade) e também possuem brasileiros em evidência. Casos de Felipe Nunes (na foto de abertura deste texto) e Vinicios Sardi, que se destacaram na etapa de maio, em Des Moines (Estados Unidos), ao conquistarem primeiro e terceiro lugares, respectivamente, no street (estilo praticado em obstáculos de rua) e no park (disputa onde a pista tem formato similar a de uma piscina, com paredes e elementos de street).
Vinicios, aliás, é idealizador do Paraskate Tour, primeiro evento nacional voltado à versão adaptada, realizado entre outubro e dezembro do ano passado. A última das três etapas foi disputada na pista do Corinthians, em São Paulo, que recebe neste domingo (20), a partir das 9h (horário de Brasília), o Campeonato Loterias Caixa, com 21 skatistas – entre eles, alguns que também competem na água, como Malu Mendes, vice-campeã mundial de surfe em 2021 (e campeã em 2020) na classe Stand 2 (atletas com limitação abaixo do joelho, que surfam de pé).
“A gente não sabe [se terá mudanças]. Nosso processo é diferente do COI [Comitê Olímpico Internacional]. No olímpico, há modalidades que são permanentes nos Jogos. O paralímpico não tem isso. Começamos o processo sempre do zero”, finalizou o presidente do IPC.
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