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Grupo de alto risco na pandemia, 90% dos catadores ficam sem apoio da prefeitura de São Paulo

A quarentena não afastou o catador Jessé Silva do trabalho. A rotina mudou um pouco: antes ele trabalhava de segunda a sábado, agora, sai de casa dia sim, dia não.
“Estou trabalhando, vou um dia sim, dia não. Porque eu tenho criança, né”
Oficialmente, a coleta de materiais recicláveis na cidade de São Paulo foi suspensa desde que começou a quarentena contra o coronavírus. Na prática, muitos catadores autônomos, como Jessé, seguem puxando suas carroças atrás de materiais que podem ser reciclados.
Em tempos de coronavírus, uma atividade com alto risco de exposição. Pesquisas mostram que o Covid-19 permanece ativo por até um dia sobre o papelão, um dos materiais mais disputados pelos catadores. No plástico, outro material muito comum, chega a ficar ativo por três dias. Sem máscaras ou luvas, Jessé justificou o risco.
“Dá até medo, mas infelizmente tenho que trabalhar. Dia 12 vem aluguel de novo, tem R$ 400 pra pagar. Se eu ficar em casa, não tiver dinheiro, a dona da casa bota pra andar. Não só eu, vários companheiros”.
Aumentaram os riscos e diminuiu a renda. Antes da quarentena, ele conseguia fazer uma média de R$ 100 por dia. Agora, comemora quando faz R$ 40.
Essa semana, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, anunciou o repasse de R$ 5,7 milhões para garantir pelo menos R$ 600 reais por catador durante três meses.
“Quem for autônomo, mais R$ 600, complementando recurso do governo federal, indo para R$ 1,2 mil, e quem for cooperado recebe R$ 1,2 mil, totalizando investimento da prefeitura de R$ 5,7 milhões. Nesse momento em que a prefeitura, o governo do estado estão preocupados com a circulação de pessoas, pra evitar que a crise se espalhe ainda mais, é preciso minimizar sofrimento”.
Mas Jessé fica de fora. Isso porque o repasse só cobre os catadores que estão ligados a projetos da prefeitura. Só na capital paulista existem cerca 20 mil catadores. O auxílio vai chegar para pouco mais de 10% deles, 2,3 mil pessoas.
David Amorim, do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis, achou a iniciativa louvável, mas lembrou que é tímida e que os recursos não vêm do orçamento da prefeitura.
“É uma das primeiras cidades que está preocupando em afastar uma parte da categoria e manter renda mínima , mas a cidade de São Paulo é imensa e a prefeitura precisa dar mais recurso para atender número mais significativo de catadores. E se utilizar do seu recurso próprio, porque fazer um anúncio sem deixar claro que não está saindo nenhum centavo dos cofres público é, no mínimo, estranho”.
A Amlurb, a Autoridade Municipal de Limpeza Urbana, confirmou que o dinheiro é resultado da venda de recicláveis pelas cooperativas credenciadas junto à prefeitura, e já eram destinados para a categoria no final de cada ano, como uma espécie de décimo terceiro salário.
Para Jessé, o anúncio da prefeitura está longe de ser solução.
“Quem trabalha registrado em cooperativa não só limpa a cidade. Todos tem que ganhar, né”.
A prefeitura de São Paulo tem convênio com 25 cooperativas de reciclagem. A cidade tem pelo menos 55 cooperativas atuando. Algumas delas também continuam abertas, apesar da quarentena.

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