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Saber como tudo surgiu me levou ao estudo do Universo, diz professora

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”Até os dez anos vivi em uma casa que não tinha luz elétrica. Então, tínhamos a parte ruim. Mas, a parte boa era o céu à noite, que era perfeito. Lembro de olhar todas as noites para o céu e ficar intrigada com uma nuvem que não se mexia. Só muitos anos mais tarde, descobri que aquela nuvem era a Via Láctea.”
Muitos anos mais tarde, a menina que enxergava a nossa Galáxia do quintal de casa em Santana do Matos, no Rio Grande do Norte, se viu no caminho do estudo do Universo.
A curiosidade por saber como tudo surgiu no cosmo levou Maria Aldinêz Dantas para a astronomia, mais especificamente para a cosmologia.
A professora da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte, formada em Física e especialista em astronomia conta que sua trajetória começou na escola pública, seguiu pelas universidades públicas, até esbarrar no desafio de encontrar especializações na área na região Nordeste.
No caso de Maria Aldinêz, o mestrado e doutorado foram feitos no Observatório Nacional do Rio de Janeiro.
Ela destaca que a carreira científica para mulheres, especialmente na região Nordeste, ainda enfrenta uma grande defasagem. E amplia esta percepção para os desafios enfrentados pelas mulheres na ciência.
“As mulheres que estão nas áreas científicas encontram grandes desafios. Ela esbarra com preconceitos enraizados e estruturais. E na ciência ainda é bastante visível a descredibilidade do trabalho simplesmente pelo fato de ser mulher. Então, a mulher na ciência precisa não só fazer o seu trabalho na ciência muito bem, como lutar contra o mansplaining, o machismo e até mesmo a misoginia. Isso sem falar a parte que, às vezes, cabe só a elas, que é casa e filhos”
Não é só a astronomia que tem este lugar de destaque na vida da cientista: a física também. “Escolhi a física porque a natureza sempre me atraiu”.
Ponto em comum entre a brasileira Maria Aldinêz e a cientista aclamada internacionalmente, Marie Curie, considerada uma das inspirações da nordestina. Foi na natureza também que a cientista polonesa duas vezes agraciada com o Nobel percebeu o ponto de partida para pesquisas até a descoberta da radioatividade.
“Foi a pioneira em pesquisas sobre a radioatividade. Ela descobriu que através das datações radiométricas, é possível calcular a idade de objetos antigos. Este mesmo procedimento é utilizado até hoje na astronomia para datar objetos astronômicos. Além disso e dos Nobel que ganhou, Marie Curie foi a primeira professora na Universidade de Paris, em 1925”, destaca Aldinêz.
Marie Curie nasceu em Varsóvia, em 1867. Considerada uma pioneira na ciência, seguiu os passos dos pais, que eram professores e incentivadores da educação.
E foi na França, fora de seu país de origem, que se graduou em física e matemática. Pelas descobertas com a radioatividade recebeu o Nobel de Física em 1903, ao lado do esposo Pierre Curie e do físico Henri Becquerel. Ela foi a primeira mulher a receber tal honraria.
Novamente, em 1911, recebeu o Nobel de Química pela descoberta do elemento rádio. Com isso, ela se tornou a única pessoa no planeta a receber a honraria duas vezes. Batizou também o elemento polônio, em referência às suas origens.
Além da utilização também na astronomia, as pesquisas de Curie ajudaram no desenvolvimento de tecnologias como a radiografia, utilizada durante a Primeira Guerra Mundial, e na radioterapia.
Em decorrência da exposição à radioatividade, Marie Curie morreu aos 66 anos,na França.

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