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Maioria dos casos de intolerância religiosa no RJ é contra religiões de matriz africana

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Somente os casos acompanhados pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos foram 132 em 2019. 132 atos de violência por motivação religiosa cometidos no estado do Rio de Janeiro em apenas um ano.
Isso inclui registros de templos religiosos vandalizados, líderes ameaçados e fiéis agredidos, entre outros. Uma violência voltada, em sua grande maioria, contra religiões de matriz africana. Por isso, as celebrações pelo Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, nesta terça-feira, 21 de janeiro, também tiveram um tom de alerta.
É preciso agir urgentemente, especialmente porque a violência religiosa tem se tornado um novo campo de atuação dos grupos armados organizados, principalmente na Baixada Fluminense e na zona oeste da capital. Para o babalawô Ivanir dos Santos, presidente da Comissão Estadual de Combate à Intolerância Religiosa, é um problema que precisa ser combatido em duas frentes.

“O desafio é o Estado brasileiro, as autoridades públicas tomarem uma atitude enérgica quanto a isso. Seja o Executivo, o Legislativo ou o Judiciário. E no campo da sociedade civil, é fazer o que estamos fazendo, que é ampliar o diálogo com vários campos religiosos, várias lideranças sérias que têm se colocado contra esse tipo de atitude. Essa demonstração de que é possível ter o diálogo, independente da sua fé ou de não ter fé – porque as pessoas também têm direito de não ter fé –, é que é a manutenção do Estado democrático de direito, das liberdades e da diversidade”.

O governo do estado garante que está atento ao problema, e que vai assinar nos próximos dias um termo de cooperação técnica com o município de Nova Iguaçu, para a criação do primeiro Núcleo de Atendimento às Vítimas. O município é um dos que concentra boa parte dos registros de violência.
A Secretaria Estadual também espera mobilizar a Polícia Civil e as instituições do Sistema Judiciário em um acordo para facilitar as denúncias, especialmente no caso de pessoas ameaçadas por facções criminosas. Além disso, está em tramitação na Assembleia Legislativa um projeto de lei, apresentado em 2018, que cria o Plano de Assistência às Vítimas de Intolerância Religiosa.
Mas líderes como a pastora luterana Lusmarina Campos também chamam a responsabilidade para si, e ressaltam a importância de as religiões abandonarem o que ela chama de teologia da guerra, já que a liberdade é essencial para a vivência de qualquer tipo de fé.
“As igrejas protestantes, que são igrejas que vêm da Europa ou dos Estados Unidos, elas trazem consigo parte daquela cultura. Porque você sabe que historicamente o pensamento ocidental desqualifica a África e o que vem de lá. Essa percepção de que é preciso construir um inimigo para combatê-lo, o inimigo historicamente têm sido as religiões de matriz africana”.
Tanto o babalawô Ivanir dos Santos quanto a pastora Lusmarina Campos participaram, nesta terça-feira, de uma extensa agenda de atividades culturais e de debate sobre o assunto, que foi organizada no Centro Cultura da Justiça Federal e na Cinelândia. Os eventos também, contaram com o olhar de lideranças católicas, judaicas, espíritas, messiânicas, entre outras.

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