ManchetesOpinião

O que a eleição de Trump tem a haver com o Brasil, SP e Osasco

Apoie o PlanetaOsasco

Opinião do Professor Marco Aurélio

 

Em Osasco, a direita voltou com toda força. Uniram-se todos contra o prefeito, até umas franjas que se dizem ainda de esquerda, em nome de uma modernidade e de uma renovação que não existe, pois a modernidade inclusiva vivida pela cidade começou em 2005 e se encerra no dia 31 de dezembro de 2012, com muita honram para toda a cidade.

 

Para o economista José Roberto Mendonça de Barros, que tem uma coluna no Estadão, “…a eleição de Trump é parte de um processo global de crescimento do populismo de direita, baseado no ataque às elites, aos imigrantes e à globalização. Basta lembrar da Inglaterra, da Turquia, da Hungria e outros casos. Olhando adiante, poderemos ter a eleição de Marine Le Pen na França…”. (Publicação em 13/11/2016, página B8, caderno de Economia)

Quando leio análises com essa qualidade sobre os caminhos escolhidos pelo mundo, não consigo deixar de reproduzi-la para o Brasil e até para Osasco.

No Brasil, as nossas últimas eleições mostram o crescimento da intolerância e o avanço de uma direita, que revela-se aliada a valores e princípios populistas. Vale destacar também, que parte da nossa esquerda também recorreu ao populismo, com o único objetivo de ganhar eleições.

Muitos falam de uma ação midiática contrária aos partidos de esquerda. Existiu, mas dizer que foi hegemônica é exagero. Há um processo conservador no país, que procura desmontar as conquistas cidadãs presentes na Constituição de 1988; que procura reduzir o processo de distribuição de renda promovido por governos progressistas; que procura trazer de volta uma velha e carcomida elite inconformada pela perda de seu poder político com o fim da Ditadura Militar e que hoje se veste de modernização. Na Universidade definíamos essa modernização, ocorrida na Ditadura Militar, como uma Modernização Conservadora, que nas palavras de Delfim Neto “deveria fazer o bolo da economia crescer para depois dividi-lo” com o povo oprimido.

Em São Paulo, é visível esse processo. O governador, com sua conduta aparentemente neutra, mas de direita populista, conquistou 95% dos municípios paulistas. Desmontou o chamado cinturão vermelho do PT na grande São Paulo, aniquilou qualquer atmosfera transformadora dentro do PSDB com a eleição de Doria e encaixotou partidos com história de luta pela democracia como o PMDB e o PSB.  Um horror, para quem sempre lutou por um Brasil mais igual.

Em Osasco, a direita voltou com toda força. Uniram-se todos contra o prefeito, até umas franjas que ainda se dizem de esquerda, em nome de uma modernidade e de uma renovação que não existe, pois a modernidade inclusiva vivida pela cidade começou em 2005 e se encerra no dia 31 de dezembro de 2012, com muita honra para toda a cidade.  

O triste é que o prefeito não conseguiu se livrar das amarras impostas pelos conservadores da cidade. Mesmo fazendo um governo com muitas obras, que na sua essência contribuem para a distribuição de renda e o combate à exclusão social, foi atropelado pelo discurso saudosista de uma cidade que não existe mais.

O que assusta a muitos é que o prefeito eleito, que se diz moderno e – paradoxalmente – amigo do governador, em seu programa de governo, fala em reduzir impostos para atrair empresas; retomar moradias de zinco para substituir barracos em favelas; na saúde, orientado por seus marqueteiros, diz que vai resolver tudo com a contratação de médicos, o que não é verdade, pois sabemos que saúde pública também está ligada ao problemático financiamento federal do SUS, ao surgimento constante de novas tecnologias médicas, ao saneamento, à qualidade de vida, ao controle das taxas de mortalidade infantil  e à coleta eficiente de resíduos; subjetivamente defende a tese furada da Escola Sem Partido, quando se encontra com a Dirigente Estadual de Ensino em Osasco,  e pasmem, quer retomar a Escola Especial, modelo dos anos 60, época em que a educação especial era para integrar e não para incluir.

Hoje, regulamentações internacionais da UNESCO, Conferências com a de Salamanca e Legislações Federais do MEC definem uma escola pública para todos, onde alunos com diversas formas de deficiência devem frequentar salas comuns, envolvidas com a diversidade do mundo em que vivemos e, assim, com inúmeras possibilidades de aprender mais para a vida em sociedade. Só falta um projetinho previdenciário para reduzir direitos dos trabalhadores municipais, em nome de um “Brasil que vai pra frente…”

São ideias velhas e superadas por um mundo globalizado, cheio de novas oportunidades, que aponta para todo tipo de diversidade com a inclusão de todos, sem a exclusão de classes, de raça e de gênero. Exclusões que marcaram os séculos XIX e XX.  O povo votou iludido por um desenho do passado, vendido como uma imagem do futuro.

Mesmo sabendo que a democracia é mesmo assim, onde o povo decide livremente quem quer. Minha inquietação me obriga a dizer é preciso pensar sobre as consequências de nossas decisões.

Marco Aurélio Rodrigues Freitas é jornalista e professor das redes municipal de estadual de São Paulo. Escreve todas as semanas no site Planeta Osasco.  

Concorra a prêmios surpresas ao fazer parte de nossa newsletter GRATUITA!

Quando você se inscreve na nossa newsletter participa de todos os futuros sorteios (dos mais variados parceiros comerciais) do PlanetaOsasco. Seus dados não serão vendidos para terceiros.

PlanetaOsasco.com

Marco Aurélio

Marco Aurélio Rodrigues Freitas, Jornalista, Biomédico, Historiador e Professor das redes municipal e estadual de São Paulo. Crônicas no Planeta Osasco.

Artigos relacionados

Subscribe
Notify of
guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments
Botão Voltar ao topo
0
Queremos saber sua opinião sobre a matériax