Por Marco Aurélio Rodrigues Freitas
Opinião – Ontem à noite, depois da reunião de pauta, quando o Coletivo Mídia Independente de Osasco produziu uma das melhores análises do atual período político de nossa cidade, tanto que o site registrou mais de 18 mil leitores às 15:00 horas. Exatamente oito horas após o conteúdo ser colocado no ar. E, agora à noite, já superou a marca das 30 mil pessoas discutindo a análise. Sai pensando na vida e nas surpresas que ela sempre nos reserva. Tanto no pessoal como no profissional, como fala Faustão no seu programa de domingo.
Como estou de férias da escola, hoje peguei meu carro e fui dar uma volta pelo Rochdale, ali na região da rua Cuiabá. Onde, ontem, estiveram cerca de 150 trabalhadores com a cúpula do governo, numa operação midiática de limpeza do bairro para “em tese” evitar enchentes.
Todos sabemos que o bairro tem um problema de relevo. Ele fica num nível mais baixo que o rio Tietê. Por isso, toda vez que chove muito, os córregos não conseguem dar vazão à agua da chuva para o Tietê, causando as eternas enchentes que viram manchetes na tevê.
Rua Cuiabá Viela 28
Mas fui lá na região da rua Cuiabá. Tudo calmo, apenas alguns moradores nas calçadas e lixo amontoado nas ruas. Nenhum trabalhador ou membro do governo na “operação limpeza”.
Como desci do carro, olhei ao fundo e vi outra rua, bem calçada e com uma espécie de calçadão, com aparelhos de uma academia ao ar livre e um prédio em obras. Era a Viela 28. Perguntei para um morador:
— O que é esse prédio?
E ele me respondeu:
— É a UBS do Rochdale que o Lapas estava construindo, e não deu para terminar. Espero que o outro termine.
Olhei o córrego, o Braço Morto do Tietê. Precisando de uma poda de mato e uma boa limpeza também. Pois fotografei até uma geladeira lá dentro. O córrego divide o Rochdale com o Jardim Aliança. Pensei, como estamos em período de chuva, é mais do que necessário limpá-lo rapidamente.
Mas aí pensei, como qualquer morador do bairro:
— Mas ontem eles vieram aqui, por que não começaram a limpeza dessa parte do bairro? ——- Porque as imagens teriam que mostrar as obras do prefeito que foi embora dia 31 de dezembro. Respondi a mim mesmo.
Leitores, a vida não está nada fácil no Brasil. Mas eu acho que nossos políticos precisam ser mais sinceros, pensar mais na cidade e no seu povo. Deixar os desejos egocêntricos para sua convivência particular. Principalmente aqueles que estão cheios de explicações para dar aos seus eleitores.
Na volta do Rochdale, encontrei uma moça cega vendendo doces numa esquina da Primitiva Vianco. Lembrei da florista cega do filme LUZES DA CIDADE (1931) de Charles Chaplin e comprei três dos seus doces. Estavam deliciosos. Caminhando em direção ao carro, lembrei de novo do Rochdale e de outro filme de Chaplin, O Grande Ditador (1940) que mostrava a manipulação das pessoas através do medo.
Marco Aurélio Rodrigues Freitas é jornalista e professor das redes municipal e estadual de São Paulo. Escreve todas as semanas no site Planeta Osasco.