Pensei em escrever algo sobre minha querida irmã Gislaine. Primeiro na terceira pessoa e depois na primeira pessoa. Escolhi um diálogo mais direto, porque sempre fomos diretos um com o outro, desde a infância.
Conta-se na família, que foi você que escolheu meu nome quando nossa mãe grávida esperava seu casal de gêmeos. Assim, fiquei sendo Marco Aurélio, o Marquinho para os padrinhos italianos que adotaram nossa família ao chegar do Rio Grande do Sul.
Laine, contei para meus amigos que você gostava de falar de tudo e tinha o amor como modelo de vida e de sonhos.
Laine, contei para meus amigos que sou padrinho do seu filho mais velho Alexandre e escolhi o nome da sua filha Renata, que por iniciativa do meu cunhado Ernesto, também tem como segundo nome Heliodora.
Laine, contei para os meus amigos que você tocava muitos instrumentos musicais e que no final dos anos 60 seus colegas de geração passavam as tardes de sábado em casa cantando músicas da MPB, com você ao violão.
Laine, contei para os meus amigos que você me ensinava inglês, fazendo decorar letras de músicas mesmo sem que eu as entendesse por completo. Contei, também, que você e minha filha Ana Luiza estudavam geografia juntas, nas semanas de prova do Colégio Objetivo.
Laine, vou imitar o Ernesto: vá ao encontro de papai, mamãe e Ana Luiza. Eles devem estar fazendo aquela festa e conversando muito com você sobre tudo. Mas quando sentir saudades venha nos visitar um pouquinho, no dia em que quiser, na hora que quiser, onde quiser. Estaremos aqui, com suas fotos, suas doces lembranças e, principalmente, seus exemplos de vida.
Foto: Renata Heliodora
Reproduzo na íntegra a declaração de amor que meu cunhado Ernesto escreveu para minha irmã Gislaine às 16:41 minutos. Minha irmã partiu às 17:00 horas do mesmo dia.
“Vá minha dôce e pura mulher ao encontro das belas paragens que Deus te ofertará…Vá ao encontro de teus entes queridos saudosos de ti….Mas, pede licença…e de vez em quando, venha me visitar….estarei sempre te esperando….Você….a pessoa tão especial, que êle por merecimento e destino pré –traçado me ofertou
Sempre a fé em Deus me acompanhará, pois me fêz ser pela minha vida quase inteira, com o brilho de tão bondoso e belo olhar!!!
Vá em paz meu anjinho…minha santinha…vá cantar com os anjos…e se fôr possível….ensina os acordes que sempre te acalmaram…o rock pesado!…
e cante Chopin…Brahms… Devussy…
Vá em paz…que assim que nossos cabritos crescerem….em verdes pastos tranquilios eu sorridente e feliz me acercarei de ti!!!.
Mais uma vez …A M É M….Eu não te farei e darei as oferendas tradicionais….mas….você me sente e sentirá sempre por perto…porque nossa telepatia nos materializa….e nos transporta….
Mil beijos na tua testa meu amor e um selinho nos lábios….”
Marco Aurélio Rodrigues Freitas é jornalista e professor das redes municipal e estadual de São Paulo. Escreve todas as semanas no site Planeta Osasco.