Prisão de João Santana é risco real e imediato para o Planalto
Com fortuna estimada em R$ 59 milhões, o principal marqueteiro político do Brasil no mundo foi preso nesta terça-feira, 23, ao desembarcar de um avião vindo de Punta Cana. A decisão de sua prisão temporária reverbera no TSE (que pode cassar a chapa Dilma-Temer) e no Congresso Nacional.
A suspeita do Juiz Sergio Moro é de que Santana recebeu através de contas offshore pagamentos das campanhas que comandou entre 2012 e 2014 advindos da Odebrecht, repassadas -em tese- diretamente de desvios em estatais. Há também suspeitas de pagamentos não declarados em Angola.
A lógica desses possíveis repasses têm fundo em duas distorções;
Em primeiro lugar o financiamento privado de campanhas sempre foi a matriz de caixa dois advindo justamente de empresas com interesse em nutrir contratos com o poder público. Sendo assim, o povo brasileiro pode ter a inequívoca certeza que todas as últimas grandes campanhas eleitorais foram baseadas em uma relação promíscua com empresas que angariaram vantagens para bancar candidatos, sejam da esquerda ou da direita, conservadores ou progressistas.
Em segundo lugar, é absolutamente evidente a deterioração do governo Dilma diante de uma escalada de prisões de personagens centrais, permeando a possibilidade de novas delações ou novas prisões. A agenda positiva se tornou improvável, levando o governo federal a ter papel unicamente fisiológico; fatos que vão diretamente agravando a crise econômica e política do país.
Em geral, as denúncias e prisões ocorreram por conta das práticas nas campanhas e das relações que se fortaleceram justamente nos períodos eleitorais. Sendo assim, ou muda-se toda a lógica eleitoral, ou continuaremos criando oligarquias baseadas no lobby.