O MUNDO ESTÁ COM LULA
Opinião do professor MARCO AURÉLIO
Porto Alegre ontem, dia 23 de janeiro.
Estou em casa, com a televisão ligada, o rádio ligado e o computador aberto em vários sites. Em todos os veículos acompanho o julgamento de Porto Alegre. Neles, tem uns que defendem a visão da decisão de Curitiba e outros que defendem a absolvição do acusado, por fundamentos inconsistentes.
Caro leitor, li tudo o que pude sobre o dia de hoje. E para ser sincero, o julgamento está parando o mundo e não apenas o Brasil. Li que líderes, artistas e intelectuais de todo o planeta questionam a justiça brasileira. Até deputados norte-americanos elaboraram um documento em apoio ao ex-presidente.
Queria dizer que o juiz de Curitiba pensava que era Joaquim Barbosa e pensava também que sua decisão passaria incólume pelo povo brasileiro. Para parodiar Chico Buarque de Holanda, digo: “Não vai passar”.
O Brasil vive um processo de modernização da política e das suas leis desde a aprovação da Constituição de 1988. Isso é um fato. Seguramente, a mais importante é a manutenção do Habeas Corpus. Trazido para o Brasil por D. João VI, que se preocupava com as prisões arbitrárias, e em 1821 instituía o Habeas Corpus no Brasil e “extinto” pela Ditadura Militar em 1968. Mas que voltou a ter seu papel impar com a Constituinte de 1988.
Vivemos um retrocesso político sem medida no país, como se tudo o que foi feito no Brasil desde 1988 não servisse para nada. Creio que há um setor da nossa sociedade, saudoso do regime militar. Claro que essas pessoas não imaginam as brutalidades da Ditadura. Pena. Como tudo na vida é um processo, em 30 anos o Brasil mudou muito e nos anos LULA inclui muita gente que vivia à margem de nossa economia desde o Império. Nem preciso falar de todas as políticas públicas.
Ouvindo a CBN, destaco três opiniões: do consultor jurídico do veículo, que diz que há elementos para condenação e para absolvição de LULA; de um professor jurídico da FGV, que diz que os fundamentos da acusação são falhos, pois baseiam –se apenas em delações; por fim da jornalista econômica da CBN, que propõe a separação entra a sociedade e a justiça, como se as duas andassem separadas, na análise e nas conclusões.
Como historiador, quero dizer que não há análise neutra. E que não há separação entre povo e instituições, ambas andam lado a lado e dependem uma da outra. Toda a argumentação tem um viés político. Não há como fugir disso. Não dá para eu ler que o mercado pensa sobre isso, pois o mercado não fala olhando o Brasil do povo.
Há um consenso entre todos. Esse é um dia histórico para o mundo e para o Brasil. Mas, como revelam todos os documentos de líderes, intelectuais e artistas de todo o mundo, vivemos um retrocesso grave. Ontem nas redes vi e ouvi um vídeo de artistas da Globo em defesa de LULA também. Pergunto: se o povo todo está a favor de LULA, como fundamentar essa separação entre justiça e povo? Deixo aqui um vídeo dos artistas da Globo, perguntando: Cadê a prova contra LULA?
Marco Aurélio Rodrigues Freitas é jornalista, biomédico, historiador e professor das redes municipal e estadual de São Paulo. Escreve todas as semanas no site Planeta Osasco.