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Rebeldes anunciam retirada do leste da Ucrânia

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Separatistas apoiados pela Rússia anunciaram nesta sexta-feira a súbita retirada surpresa de suas regiões separatistas no leste da Ucrânia, uma reviravolta chocante em um conflito que o Ocidente acredita que Moscou planeja usar para justificar uma grande invasão de sua vizinha.

Sirenes de alerta soaram em Donetsk depois que ela e a outra autoproclamada “República Popular”, Luhansk, anunciaram a retirada de centenas de milhares de pessoas para a Rússia, com mulheres, crianças e idosos indo primeiro.

Sem fornecer provas, Denis Pushilin, líder separatista em Donetsk, acusou a Ucrânia de se preparar para atacar as duas regiões em breve –uma acusação que Kiev disse ser falsa.

“Não há ordens para libertar nossos territórios pela força”, disse a principal autoridade de segurança da Ucrânia, Oleksiy Danilov.

Horas após o anúncio da retirada, um jipe explodiu do lado de fora de um prédio do governo rebelde na cidade de Donetsk, capital da região de mesmo nome. Jornalistas da Reuters viram o veículo cercado por estilhaços e uma roda arremessada pela explosão.

A mídia russa disse que pertencia a uma autoridade separatista.

Acredita-se que milhões de civis vivam nas duas regiões controladas pelos rebeldes no leste da Ucrânia. A maioria fala russo e muitos já receberam a cidadania russa.

Poucas horas após o anúncio, famílias se reuniram para embarcar em ônibus em um ponto de retirada em Donetsk, de onde as autoridades disseram que 700.000 pessoas partiriam.

Uma mulher chorando abraçava seus filhos adolescentes.

Irina Lysanova, 22, que acabou de voltar de uma viagem à Rússia, disse que estava fazendo as malas para voltar com sua mãe aposentada: “Mamãe está em pânico”, disse ela. “Papai está nos mandando embora.”

Seu pai, Konstantin, 62, não vai. “Esta é minha pátria e a terra é nossa. Vou ficar e apagar os incêndios”, afirmou ele.

O anúncio da retirada veio depois que a zona de conflito do leste da Ucrânia viu o que algumas fontes descreveram como o mais intenso bombardeio de artilharia em anos na sexta-feira, com o governo de Kiev e os separatistas se acusando mutuamente.

Países ocidentais têm afirmado acreditar que o bombardeio, que começou na quinta-feira e se intensificou em seu segundo dia, é parte de um pretexto criado pela Rússia para justificar uma invasão.

Washington disse que a Rússia –que diz ter começado a retirar tropas perto da Ucrânia nesta semana– fez o oposto: aumentou a força que ameaça seu vizinho para entre 169.000 e 190.000 soldados, de 100.000 no final de janeiro.

Os países ocidentais temem um conflito na Europa em uma escala não vista pelo menos desde as guerras da Iugoslávia na década de 1990, que mataram centenas de milhares de pessoas e deslocaram milhões de pessoas. A Ucrânia é o segundo maior país da Europa em área, depois da própria Rússia, e abriga 40 milhões de pessoas.

“Esta é a mobilização militar mais significativa na Europa desde a Segunda Guerra Mundial”, disse o embaixador dos EUA, Michael Carpenter, em uma reunião na Organização para Segurança e Cooperação na Europa, com sede em Viena.

A Ucrânia disse que a Rússia estava planejando ataques encenados, incluindo um vídeo falso de um ataque a uma fábrica de produtos químicos, e acusando-a falsamente de planejar uma ofensiva nas áreas separatistas.

“As forças ucranianas não estão planejando nenhuma operação ofensiva e não usarão armas se isso ameaçar civis pacíficos”, disseram os militares ucranianos.

Para o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, os eventos na área de fronteira nas últimas 24 a 48 horas fazem parte de um cenário russo para criar falsas provocações, permitindo que Moscou responda com mais agressão à Ucrânia.

Uma fonte diplomática com anos de experiência direta no conflito descreveu o bombardeio no leste da Ucrânia na manhã desta sexta como o mais intenso desde que os grandes combates terminaram com um cessar-fogo em 2015.

*Proibida a reprodução deste conteúdo


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