USP: problemas de meninas no Acre não têm a ver com vacina do HPV
Pesquisadores da USP, a Universidade de São Paulo, concluíram que a vacina contra o HPV não foi a causa dos problemas de saúde em jovens imunizadas no Acre.
Os cientistas analisaram 74 casos notificados pela Secretaria de Saúde do Estado, a pedido do Ministério da Saúde. Os resultados foram apresentados, nessa quinta-feira (28), na capital Rio Branco, por representantes do governo federal e da USP, e entregues ao governo acriano.
As garotas apresentaram sintomas como dores de cabeça e nas pernas, febre, desmaios e convulsões. As famílias passaram a acreditar que poderiam ser sequelas neurológicas causadas pela vacina, que previne o câncer do colo do útero. Porém, os exames da USP descartaram essa possibilidade.
Dezesseis jovens com sintomas mais graves viajaram para São Paulo e passaram 15 dias internadas fazendo monitoramento cerebral e exames.
De acordo com informações do Governo do Acre, dez pacientes apresentaram crise psicogênica não-epilética, conhecida pela sigla CNEP. Trata-se de um problema de origem psicológica muito parecido com uma crise epiléptica, mas que não tem associação com as descargas elétricas da epilepsia.
Outras duas jovens, que são irmãs, foram diagnosticadas com um tipo de epilepsia de origem genética, que costuma se manifestar na puberdade.
Os cientistas observaram que o medo da vacina pode ter sido um gatilho para o desenvolvimento da CNEP.
O relatório da USP apresenta uma série de sugestões que incluem o treinamento de uma equipe especializada, no Acre, para o tratamento da crise psicogênica e campanha de comunicação para combater a desinformação das pessoas sobre a eficácia da vacina contra o HPV.
O governo acriano informou que vai seguir todos os protocolos recomendados. Também esclareceu que a assessoria jurídica do Ministério da Saúde vai acionar os conselhos regionais de medicina para que imponham sanções contra profissionais de saúde que venham difundir informações inverídicas sobre a imunização.