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Exposição na Fiocruz mostra incineração de lixo do século 19

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A Casa de Oswaldo Cruz (COC), localizada no campus da Fundação Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), inaugurou no início da semana (16) a Exposição Arqueológica Complexo de Incineração de Lixo em Manguinhos, no Centro de Documentação e História da Ciência da instituição (CDHS), no Rio de Janeiro. A exposição é permanente e tem entrada gratuita para o público.
A arquiteta Inês El-Jaick Andrade, da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, responsável pela pesquisa e uma das coordenadoras da exposição, informou à Agência Brasil que no local foram encontrados vestígios de um antigo complexo de incineração de lixo urbano da prefeitura do Rio, datado do final do século 19. “Eram utilizadas formas mais arcaicas, mais primitivas, de queima na Ilha da Sapucaia, lixo a céu aberto, ou então o lixo era enterrado nas casas ou jogado no mar”. Isso contribuía para o surgimento de epidemias. “A salubridade da cidade era comprometida”, explicou Inês.
Inspirada em exemplos que estavam acontecendo na Inglaterra e na Alemanha, a prefeitura decidiu construir o Complexo de Incineração de Lixo, que iria se constituir na primeira iniciativa brasileira nesse campo. Problemas vários, porém, como dificuldades encontradas no próprio terreno, fizeram com que a obra não fosse a primeira a ser finalizada. “As obras foram suspensas, depois de alguns anos”. “Isso fez com que o Complexo só fosse concluído em 1918, depois de construções similares em Manaus e São Paulo. Ele começou a funcionar, mas como a tecnologia já estava obsoleta, as operações acabaram em 1922. O Complexo recebia basicamente material apreendido de comida estragada no Porto do Rio”, disse Inês.
Sítio arqueológico
Como o local onde foi construída a sede do CDHS é um sítio arqueológico, foram feitas pesquisas entre os anos de 2013 e 2017, que descobriram vários artefatos. Segundo Inês, uma pesquisa de Renato da Gama Costa, também da Fiocruz, identificou vários fornos. Pesquisas mais recentes se concentraram no sítio da chaminé do Complexo de Incineração. A parte final, ou monitoramento, foi coordenada pelo arqueólogo Giovani Scaramella, em 2015, que identificou grupo de artefatos deformados por queima em alta temperatura.
Próximo aos fornos do complexo de incineração, o Instituto Oswaldo Cruz edificou uma enfermaria para cavalos doentes da instituição. Inês Andrade destacou que no local foram descobertas ossadas de animais e fragmentos de objetos usados em laboratório, além de louças, típicas do século 19, de origem estrangeira, que tinham o carimbo de fábrica onde eram feitas na Bélgica, na França, entre outros países. Além das fundações da chaminé, o público poderá conferir na exposição mais de 30 peças selecionadas, testemunhas das sucessivas ocupações do sítio arqueológico.
Eixos

A visitação para a exposição ocorre de terça a sexta-feira, das 9h às 16h30 e no sábado, das 10 às 16h – Jeferson Mendonça/Fiocruz

A mostra foi montada com base em três eixos. No primeiro, o objetivo é mostrar o que é arqueologia. “O que faz um arqueólogo, qual a importância de um arqueólogo, como é o trabalho de um arqueólogo no sítio”, disse Inês. Há, inclusive, uma oficina de arqueologia. Outro módulo fala da história do Complexo de Incineração de Lixo e como sua construção foi importante na época para a discussão sobre o descarte melhor e mais adequado do lixo. Com apoio multimídia, são mostradas as reações físicas e químicas relacionadas a essa queima do lixo. O terceiro módulo aborda o descarte do lixo efetuado hoje, com o objetivo de ajudar os visitantes a refletirem, ajudando-os a selecionar o material e a fazer a reciclagem correta. “É nesse sentido: pensando o passado como uma fonte para refletir sobre o presente e mudar de atitudes”, comenta Inês Andrade.
Fazem parte ainda da exposição objetos que estão sob a guarda da Reserva Técnica do Museu da Vida tais como seringas de injeção em vidro, frasco de medicação de ampola de injeção e materias usados em laboratório para sucção de materiais líquidos (pipetas).
O CDHS está situado na Avenida Brasil, 4365, no campus da Fiocruz, em Manguinhos, zona norte do Rio. A visitação para a exposição ocorre de terça a sexta-feira, das 9h às 16h30 e no sábado, das 10 às 16h.

A exposição é permanente e tem entrada gratuita para o público – Jeferson Mendonça/Fiocruz

Edição: Bruna San

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