Operação do MP combate milícia no Rio, Piauí e Bahia
Vinte e oito acusados de integrar uma milícia que atua em Rio das Pedras, Muzema e outras comunidades da zona oeste carioca, foram presos em uma ação deflagrada pelo Ministério Público (MP) do Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (30).
Entre os presos na operação batizada de Os Intocáveis II, estão cinco policiais militares da ativa, presos dentro dos batalhões onde estão lotados; um agente da reserva da corporação e dois policiais civis, acusados de atrapalhar as investigações.
Além deles, um servidor municipal, da Fundação Parques e Jardins, foi denunciado por ter solicitado propina para acelerar um processo de interesse da organização.
Também aconteceram quatro prisões no Piauí e uma na Bahia. O saldo final da operação ficou em 33 presos.
Foram expedidos mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão contra 45 pessoas. Segundo o promotor de justiça do Ministério Público do Rio de Janeiro, Marcelo Winter, a organização criminosa só conseguiu agir por mais de dez anos no local, graças à conivência dos agentes públicos naquela região.
“Se não fosse por esse tipo de conduta gravíssima, essa organização criminosa não teria obtido a musculatura que teve, não teria conseguido se enraizar na região por tanto tempo.”
Segundo o Ministério Público do Estado, os presos são acusados de vários crimes, entre eles grilagem, construção, venda e locação ilegal de imóveis; posse e porte ilegal de arma de fogo; extorsão de moradores e comerciantes com a cobrança de taxas referentes a serviços prestados; ocultação de bens adquiridos por meio de laranjas e pagamento de propina a agentes públicos.
A promotora de justiça do MP, Simone Sibilio, descreve o cenário de medo e coação nas localidades onde são exercidas as atividades ilegais.
“A milícia mata; a milícia extorque; a milícia domina o território; a milícia tira o poder de ir e vir de determinadas pessoas; a milícia constrange as pessoas, revistam celulares, é um exmplo da violência praticada alí”.
Os policiais suspeitos de integrar o esquema cediam aos criminosos informações privilegiadas sobre operações nas localidades.
Ainda de acordo com o Ministério Público, um dos policiais acusados teve muitas trocas de mensagem por meio do celular com o policial Ronnie Lessa, acusado de participação na morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
A troca de mensagens teria sido identificada na Operação Lume, que prendeu Ronnie Lessa e Elcio Queiroz, em março de 2019, ambos apontados como executores do crime.
Entre os materiais apreendidos estão planilhas de valores, balaclavas e munições.
A ação foi um desdobramento da operação “Os Intocáveis I”, realizada em janeiro de 2019 quando foram denunciados 13 milicianos por organização criminosa.