Bloquinho de Carnaval inclusivo agita tarde na Câmara Municipal de SP
O bloco é uma iniciativa de Andrea Werner, jornalista, escritora e criadora do blog Lagarta vira Pupa. “Sou mãe de um menino autista, Theo, de 11 anos. Foi por isso que o blog surgiu, alguns anos atrás. Quando o blog começou a crescer e comecei a ter contato com muitas mães, eu percebi como as mães evitam tirar seus filhos de casa porque sofrem preconceito ou por falta de acessibilidade”, disse ela.
Disso, contou ela, surgiu a ideia de fazer um piquenique voltado para famílias de pessoas com deficiência e, mais tarde, um bloquinho de Carnaval. “Estava faltando esse tipo de evento para as mães terem coragem de levar seus filhos porque eles são cidadãos e têm direito de usar o espaço público, como qualquer pessoa”, falou ela hoje, à Agência Brasil.
A festa toda foi gratuita, com distribuição de cachorro-quente e algodão-doce, além de voluntários fazendo pinturas no rosto e tocando cantigas infantis em um volume mais baixo do que ocorre nos blocos mais tradicionais por causa das crianças com autismo.
Fantasiadas, com pintura no rosto e no cabelo e com muita animação, as crianças dançaram, brincaram, sorriram, posaram para fotos e se divertiram. Algumas delas, pela primeira vez em um bloquinho de Carnaval. Como o Pedro, de apenas quatro anos, que tem epilepsia refratária, de difícil controle.
“Trouxe [o Pedro] para ele interagir com as outras crianças. Uma coisa diferente para ele. É a primeira vez que a gente vem. É a primeira vez que ele vai participar [do Carnaval] com os amigos dele”, contou Juliana Francisca de Matos, mãe de Pedro, que curtiu a festa com o cabelo pintado de azul e com sua irmã Fernanda, de 11 anos, que também pintou o cabelo para a festa.
Outra que curtiu a festa hoje foi Nathaly, filha de Salete Ferreira Agostinho. Nathaly tem paralisia e adora Carnaval. “Como hoje é Carnaval, tem muita criança também, [trouxe ela] para se enturmar”, falou. Para ela, blocos assim são ótimos porque, além das crianças saírem de casa, se enturmam com outras crianças e “veem o mundo lá fora”.
“Estou vendo, pela primeira vez, muitos cadeirantes, que eu não costumava ver em outros eventos e muitas crianças também sem nenhum tipo de deficiência porque é uma oportunidade ótima para essa criança conviver com a diversidade. Só assim isso se torna natural, convivendo com a diversidade desde cedo”, falou Andréa, que pretende levar o bloco, no próximo ano, para as ruas.