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Bloco Loucura Suburbana completa 20 anos de desfile no Rio

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O financiamento coletivo só termina amanhã (21), mas mesmo com pouco mais de 70% da meta alcançados até agora, o bloco Loucura Suburbana, formado por pacientes e profissionais da rede municipal de saúde mental do Rio de Janeiro, sai às ruas do Engenho de Dentro hoje (20) para comemorar 20 anos de existência.
A meta do financiamento coletivo é atingir R$ 12,5 mil e ontem (19) havia recolhido quase R$ 10 mil, informou à Agência Brasil a psicóloga Ariadne Mendes, do Instituto Municipal Nise da Silveira, fundadora e coordenadora da agremiação, que ela define como “anárquica e irreverente”.
O enredo do bloco, este ano, é respeito à diversidade, à liberdade e às características do bloco, que são acolhimento e alegria. O enredo presta homenagem também à Amazônia na roupa da porta-bandeira Elizama Arnaud. Primeiro bloco a unir folia e saúde mental, o Loucura Suburbana desfila no ritmo da bateria “A Insandecida”, integrada por usuários atendidos na rede municipal e ritmistas parceiros.
O samba enredo deste ano é “Loucura que Afeta Todos Nós”, de autoria de Michel Indiano, parente de usuário do Instituto Nise da Silveira. O samba foi composto na Oficina Livre de Música, que pertence ao ponto de saúde Loucura Suburbana, que ajuda os pacientes e familiares a compor sambas. São esperadas este ano entre 500 e mil pessoas no desfile, que abre o carnaval de rua do bairro, situado na zona norte da cidade.
Bonecos gigantes
Ariadne disse que a novidade deste ano é a participação dos bonecos do Germano, bicheiro do jogo do bicho e famoso morador do Engenho de Dentro, criador de bonecos gigantes que saíam pelas ruas do bairro em um bloco particular: o Bloco do Germano. E havia pessoas que disputavam “vestir” os bonecos.
Em parceria com o Serviço Social do Comércio (Sesc Engenho de Dentro), o Loucura Suburbana conseguiu montar uma oficina para confecção de bonecos que começou a funcionar no último dia 13, com o mestre de bonecos Célio Mattos e o artista visual Otávio Avancini.
“Quatro (bonecos) estavam expostos no Sesc e vieram (para o Instituto Nise da Silveira) para participar do bloco. Era um sonho meu que ganhou força à medida em que o bloco começou a crescer e a se integrar na comunidade”, disse Ariadne. Participam do bloco do Loucura hoje os bonecos Diabo, Nega Fulô, Palhaço e Germano, aos quais se juntará o boneco Raoni, criado na oficina, em homenagem aos indígenas brasileiros. “Essa é a novidade”, comemorou Ariadne Mendes.
Fantasias
Segundo informou a Secretaria Municipal de Saúde do Rio, o Loucura Suburbana tem um ateliê próprio, dentro do Instituto Nise da Silveira, para confeccionar as fantasias dos pacientes foliões, além de um barracão, onde fantasias doadas por componentes de escolas de samba são reaproveitadas, customizadas e oferecidas gratuitamente às pessoas que queiram desfilar. O bloco oferece também maquiagem para quem quiser ficar mais bonito para o desfile.
“O trabalho terapêutico baseado no carnaval acontece ao longo do ano, com os usuários participando de oficinas de confecção de adereços e estandartes, ensaios de bateria e oficinas livres de música, que ajuda compositores na criação e arranjos dos sambas para o bloco. A convivência cultural e social faz parte de uma prática que defende o acolhimento inclusivo a pacientes com distúrbios mentais, sem encarceramento ou isolamento da sociedade”, explicou a secretaria, por meio de sua assessoria de imprensa.

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