SP promete diagnosticar 201 mortos até quinta-feira; fila tem 16 mil suspeitas de Covid-19
Cresce fila de espera por testes para coronavírus em São Paulo, e até profissionais de saúde têm dificuldade para fazer o diagnóstico.
No Instituto Adolpho Lutz, o Laboratório Central do Estado de São Paulo, a fila de espera chegou nessa quarta-feira a 16 mil testes. Na segunda-feira, eram 12 mil exames represados à espera de serem analisados.
Do total, 201 testes são de pessoas que já morreram com suspeita de coronavírus.
Segundo a Secretaria de Saúde do estado, a rede de laboratórios públicos tem capacidade para processar 1,2 mil testes por dia. No ritmo atual, seriam necessárias 2 semanas para zerar a fila – isso se não entrasse nenhum novo pedido de teste.
O problema afeta pacientes e também profissionais de saúde, que estão tendo dificuldades para fazer o diagnóstico do coronavírus, tanto na rede pública como na rede privada de saúde.
Um grande laboratório particular só tem testes disponíveis para médicos. A atendente do serviço de agendamento de exames explica porque até enfermeiros ficam fora.
“Nós até essa opção de ofertar para enfermeiros também, no entanto, devido à alta demanda e como recebemos poucos testes, estamos aplicando apenas em médicos. É R$ 280”.
Segundo o secretário de Saúde do estado, Henrique German, a falta de insumos para fazer a leitura dos testes tem complicado o problema.
“Nó tivemos, nas últimas duas semanas, um problema relacionado a insumos para o processamento dos exames. Tanto que acabamos por alterar de um processamento manual e estamos em uma forma automatizada, justamente para que a gente possa dar vazão e melhorar o processo”.
O secretário informou que até o final da semana devem chegar 20 mil testes comprados dos Estados Unidos, e em 15 dias é esperada uma nova leva de 40 mil testes.
O estado também promete formar um pool de laboratórios públicos e privados para chegar a 4 mil testes por dia até o final da semana que vem, e a 8 mil exames por dia a partir de 10 de abril.
Apesar da dificuldade, para a professora da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, a infectologista Raquel Stucchi, o controle da epidemia pode ser feito pela avaliação médica dos pacientes com suspeita de infecção.
“Para o controle em si da pandemia, se nós mantivermos a mesma postura de fazer diagnóstico dos pacientes com quadro mais importante, eu não tenho grandes alterações deste controle. Porque também as pessoas com quadro mais leve estão sendo orientadas a permanecer isoladas por 14 dias. Se eu tiver o resultado dessas pessoas como negativo, essas pessoas podem voltar a trabalhar. Então ter esses resultados seria importante E claro que à medida que esses resultados foram liberados, vamos ter aumento na subida da curva de casos, e vamos ver com ficará a mortalidade”.
A promessa é de que até essa quinta-feira saiam os resultados dos testes das mais de 200 pessoas que morreram por suspeita de coronavírus.