Em meio à cobertura da imprensa no julgamento da ação penal 470, Joaquim Barbosa demonstrava se deleitar em contradizer seus pares, sugerindo ou afirmando categoricamente por dezenas de vezes que sua opinião se tratava de fatos; e a de seus companheiros ilações.
Sem o equilíbrio esperado para um presidente do STF, sequer para compor o tribunal, Barbosa se tornou um ‘show-man’, demonstrando grande experiência em lidar com um público majoritariamente desconhecedor dos trâmites do judiciário.
Na TV, o presidente Joaquim era (e até junho é) uma espécie de salvaguarda da moral, ética e bons costumes. Chegou a afirmar para Gilmar Mendes, então relator, que o mesmo falara em tom de ‘jeitinho’, oferecendo ao público que acompanhava de casa boas risadas.
Mas Barbosa foi além, caçando os chamados ‘mensaleiros do PT’ numa releitura inquisitória das leis que, até então, ele respeitou. O dito ‘mensalão’ não fez uso de recursos públicos (utilizando a Visanet, Banco Rural, ambos particulares) e não caracterizou formação de quadrilha; ainda assim o juiz mais popular do país buscou deliberadamente uma leitura diferenciada para condenar às penas máximas os responsáveis por uma articulação política de compra de votos.
Se sua coragem fosse como a demonstrada na TV, sua primeira indagação deveria ser acerca dos que pagam e dos que recebem. Infelizmente, Barbosa aceitou mirar armas apenas para quem ele poderia caçar, esquecendo toda a corja política que só votava em avanços para o país sob altos pagamentos. Ele mirou apenas em quem a mídia apontou, ignorou documentos, tencionou poderes, brincou com o sistema prisional. Por isso, desequilíbrio é também uma de suas marcas.
Por Gabriel Martiniano