Uma leitura sobre as Convenções em Osasco para as eleições de 2016
Em época de Olimpíadas, a gente acredita que todo mundo cultiva o mesmo sentimento do Barão de Coubertin, o pai dos jogos olímpicos modernos, onde o importante é competir. O problema é que na vida real a coisa não é bem assim.
No último final de semana, ocorreram cinco grandes Convenções Municipais, que definiram os candidatos a prefeito de Osasco. Nós, eleitores sempre esperamos que em cada Convenção surjam novas propostas para a cidade e cada grupo político se apresente como opção para governar. Construindo alianças que revelem sua leitura sobre o futuro que todos sonhamos.
No sábado, o prefeito Jorge Lapas atuou como campeão, trouxe um vice do empresariado, Luciano Camandoni, rompendo com a velha logica que separa os políticos do povo. Numa época de operações da justiça a da polícia federal, as pesquisas indicam que o povo quer gente nova na política. Como escreveu meu amigo Gabriel Martiniano, do site Planeta Osasco, Lapas estabeleceu um novo patamar político no dia 30 de julho, ao escolher um empresário competente, membro do Rotary e ligado ao setor católico da cidade. Além de reunir na FITO gente do povo, mulheres, jovens, negros, trabalhadores e empresários. No final da tarde, foi o encontro do jovem vereador e do grupo do ex-prefeito dos anos 70, no Rochdale. Não vi muita coisa, mas sinceramente sai dali com a sensação de inalar naftalina.
No domingo, tivemos três convenções. A Convenção do PT mostrou um partido lambendo suas feridas e que precisa se reinventar nessas eleições municipais para sobreviver, depois de tudo que tem vivido. Seu encontro municipal na EMEF Bittencourt trouxe a cronologicamente envelhecida militância, com palavras de ordem que nos remetem aos anos 90, tipo: Fora …tudo… Discurso que procura agregar uma esquerda que já não está mais lá.
Já a Convenção de outro ex-prefeito, digo do PSDB de Osasco, não revelou novidades, tendo à frente seu eterno candidato, há anos enrolado com a justiça. Na entrada da escola Campesina, pude ver os seguranças bombados e truculentos de sempre. Não muito surpreso, vi nas faixas expostas no muro da escola, a imagem de uma velha conhecida dos osasquenses, que tem flor em seu nome, mas sempre tratou a todos com muitos espinhos. Passei pela calçada, tirei fotos, mas vi que esse grupo não percebeu que a cidade mudou e quer avançar, mas não com eles. Quando estava abrindo meu carro para ir embora, um casal se aproximou e me perguntou se ali tinha algum encontro para escolher candidatos a vereador. Não sabiam o partido do vizinho candidato e nem o nome de qualquer liderança. É assim, que muitos políticos tratam o povo, querem o seu voto e mais nada.
Por fim, a Convenção do PPS, com os ex-vereadores Claudio e Délbio. Lembrou-me muito os encontros do velho MDB. Foi em frente à Câmara Municipal e teve um palanque montado no meio da rua. Lá todos subiam e davam o seu recado. Entre o povo e os candidatos estavam Guaçu, Gilberto Port e o professor Papau. Senti ali política e vontade de construir um projeto para a cidade.
Vivemos tempos instigantes. Para mim, o final de um ciclo e o nascimento de uma nova forma de fazer política, com um novo modelo de financiamento de campanhas, novas formas de participação popular inseridas em um novo projeto de desenvolvimento sustentável para todos. Quem não perceber isso, não vai entender o espirito olímpico do cenário político de 2016.
A cidade quer debater uma agenda de futuro. E, ao meu ver, duas convenções compreenderam isso muito bem: a do prefeito Jorge Lapas, com uma grande coligação de 17 partidos, liderados pelo PDT, que levou mais de 10 mil pessoas na FITO para comemorar a democracia sem truculência ou discriminação. E num âmbito muito menor, mas com sensibilidade política para olhar o novo cenário que surge na cidade, a convenção do PPS.
MARCO AURÉLIO RODRIGUES FREITAS é Jornalista, Historiador e professor. Escreve suas crônicas todas as semanas no Planeta Osasco
