Queimando pneus, fechando vias, vestindo vermelho; a esquerda de hoje se comporta terrivelmente sem levar em consideração a opinião pública. Depois da revolução da forma de se comunicar, esse tipo de manifestação parece uma tentativa inócua de frequentar as páginas de jornais impressos e chamadas de telejornais em preto e branco.
A busca de vários setores da esquerda brasileira parece mais por uma desejada repressão que pelo caminho das garantias dos direitos sociais e de novas políticas públicas. Uma repressão -idealizada- que poderia reavivar o sentimento operário de uma sociedade que lhe virou as costas.
Não. Não temos mais a tradicional classe operária que se levantaria diante da repressão do Estado -que tornaria romântica a luta. A classe não se reconhece assim, e não é.
Na direita, atualizada, reforçada por neo-apolíticos, os chamados outsiders (que povoam o imaginário de quem debate as eleições dos EUA) ganham espaço suficiente para desenhar década(s) de sustentação.
Se possível ver de um prisma distante de esquerda e direita tradicionais, um grande risco surge da austeridade e das privatizações que colocariam em xeque a soberania do Brasil. Projetos e emendas nesse sentido podem castrar futuros governos e colocar o país num círculo de estagnação permanente e de aumento do desemprego.
A esquerda média deixou –até mesmo- de praticar seu papel contundente da oposição qualificada de anos atrás. Deixou de ser eficiente, perdeu interlocutores, principalmente por se descuidar do necessário apoio popular para demandas realmente populares.
Para muitos líderes de esquerda, resume-se tudo a um recrudescimento dos valores mais conservadores da maioria cristã. Essa suposta obviedade não é correta; depositar uma eventual ‘culpa’ na cobertura da mídia tampouco. O erro pode estar nos grupos de esquerda que possuem maior robustez e espaço para apresentar suas ideias; e a fazem de modo errado.
Por Gabriel Martiniano,
via CMIO – COLETIVO DE MÍDIA INDEPENDENTE DE OSASCO
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