Racismo institucional e saúde mental são temas de palestras do Novembro Negro
Marco Borba
Fernanda Cazarini
A Secretaria Executiva de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) da Prefeitura de Osasco realizou sexta-feira, 17/11, na Sala Luiz Roberto Claudino da Silva (anexa ao Paço Municipal), palestras sobre Racismo Institucional e Saúde Mental. O evento, feito em parceria com o Sesc Osasco e que reuniu cerca de 300 pessoas, integra a programação da 19ª edição do Novembro Negro da cidade.
Segundo a secretaria, a discussão de tais temas visa reconhecer o racismo como um produtor de sofrimento emocional e físico, e, ao mesmo tempo, assumir uma agenda étnico-racial que garanta direitos e reduza o impacto do racismo nas instituições, uma vez que ele permeia as relações entre trabalhadores, gestores e usuários das políticas públicas.
Foram convidados para a palestra os doutores Márcia Campos Eurico, assistente social do INSS com mestrado e doutorado pela PUC-SP, que discorreu sobre o racismo institucional, e Kwame Yonatan, psicanalista e doutor pela PUC-SP. Ele falou sobre a saúde mental.
“O racismo institucional é a maneira como as instituições organizam suas ações de forma a tratar de forma desigual as pessoas em virtude de sua cor de pele. Esse mecanismo faz, por exemplo, com que o Judiciário julgue de forma diferente o jovem negro em relação ao jovem branco. A primeira lição de casa para mudar tais situações é as pessoas entenderem que existe o racismo, saberem identificar quando um ato de racismo acontece ao seu lado e denunciar. Somos uma sociedade diversa e é a partir da educação que se muda essa cultura de que os negros e indígenas são inferiores”, disse a Márcia Campos, que também é professora da Unifesp e da PUC São Paulo.
Em sua fala sobre saúde mental, Kwame Yonatan disse que tanto o Sistema Único de Saúde (SUS) quanto o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e seus respectivos servidores também precisam estar atentos em suas funções para identificar e lidar com situações de desigualdade. Ele é professor no Instituto Gerar, autor dos livros “Transverso”; “Nasce um desejo”; “Feliz para sempre?”; e “Por um fio: uma escuta das diásporas pulsionais”, além de supervisor institucional de profissionais do SUS e do SUAS.
O encontro foi mediado por Mônica Aurélia Bomfim dos Santos, graduada pela Universidade Federal de Sergipe, servidora pública municipal com atuação na Secretaria de Saúde, e vice-presidente do Conselho Municipal da Promoção da Igualdade Racial (COMPIR).
Participaram do evento a secretária em exercício da SEPPIR, Deise Ventura, Alexandra Pontieri, diretora do Departamento de Combate ao Racismo e Intolerância Religiosa, Vera Lopes, presidente do COMPIR, representantes de entidades de assistência social e conselheiros tutelares.
A ex-secretária da SEPPIR, Amanda França, e a ex-vereadora Sônia Rainho, falecidas recentemente, receberam homenagens antes do início das palestras.
O tema da edição deste ano do Novembro Negro de Osasco é: “Nossas raízes – história de resistência e luta”. A programação inclui visitas monitoradas à Casa de Angola, palestras, campanha de sensibilização contra o Racismo (20/11) e Feijoada Solidária (26/11), entre outras ações.
No dia 22, às 19h, haverá no Teatro Municipal Glória Giglio a entrega do 1º Prêmio Amanda França de Políticas para a Igualdade Racial de Osasco e Região.
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