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Plataforma EVA: 1,23 milhão de mulheres foram agredidas no Brasil entre 2010 e 2017

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Não são poucos os desafios diante do número crescente de casos de violência contra a mulher. Mas a busca por medidas efetivas de combate a este crime acaba esbarrando em problemas como a ausência de dados oficiais que retratem a realidade. A lacuna de informações referentes a esse tema mereceu destaque na Plataforma EVA, Evidências sobre Violências e Alternativas para Mulheres, lançada pelo Instituto Igarapé.
A ferramenta é resultado de um trabalho de cerca de um ano e reúne números que incluem diferentes tipos de violência sofrida pela população feminina no Brasil, México e Colômbia. Juntos, os três países são responsáveis por 65% de todos os assassinatos de mulheres da América Latina.

Os dados, inéditos em sua maioria, foram listados por idade, raça e instrumento utilizado para praticar a agressão.
A pesquisadora do Instituto Igarapé, Carolina Taboada, ressalta que, além da subnotificação, a falha na produção de informações qualificadas dificulta o desenvolvimento de políticas de prevenção.
“Foi um processo bem longo de solicitação desses dados, que mostrou pra gente uma série de falhas na produção desses dados, o que a gente considera uma primeira informação bem importante que essa plataforma trás, que são as falhas na produção dos dados em primeiro lugar. É muito difícil você fazer uma política pública eficiente se você não conhece a dinâmica do crime e os padrões dele. Então a gente quer chamar atenção para essas lacunas”
Outro ponto que chamou a atenção durante o processo de produção da plataforma, segundo a pesquisadora, foi o fato de que, na maioria dos casos, o agressor é companheiro da vítima ou alguém próximo.
“Nos três países, na maior parte dos casos os responsáveis pela violência são pessoas próximas. No México, os companheiros são 80% dos agressores das mulheres. Na Colômbia são 441 mil casos. Só no Brasil foram mais de 1,2 milhão de mulheres atendidas no Sistema de Saúde por algum tipo de agressão desde 2010, e no Brasil 36% dos agressores são os companheiros”.
As informações, extraídas dos Sistemas de Saúde e Segurança públicos, mostram que as mulheres são as maiores vítimas de todos os tipos de violência, à exceção do homicídio. A pesquisadora Carolina Taboada explica que o feminicídio é, geralmente, precedido de outros tipos de violência, cenário também exposto pela ferramenta.
“Normalmente, quando se chega à via da agressão física ou ao ponto mais extremo do assassinato, já houve agressão psicológica, agressão moral. Então é uma violência que escala e precisa ser interrompida antes de chegar num ponto mais grave. E essa ferramenta pretende mostrar isso, também. Uma parte importante de enfrentar esse desafio é falar sobre isso. Entender que as mulheres não tem culpa pela violência que elas sofrem, e que a culpa é sempre do agressor”.
De acordo com o Instituto Igarapé, organização que elabora pesquisas e propõe políticas sobre segurança, justiça e desenvolvimento, as informações serão atualizadas periodicamente e estarão disponíveis para consulta pública.

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