Brasileiros consomem quase o dobro de sal recomendado pela OMS
Brasileiros consomem, em média, 9,34 gramas de sal por dia, quase o dobro do recomendado pela Organização Mundial de Saúde, que é de 5 gramas. Esta é uma das principais conclusões de um levantamento inédito divulgado nesta terça-feira pela fundação Oswaldo Cruz.
Os dados apontam ainda que praticamente três quartos da população têm consumo alto de sal, mais de 8 gramas por dia, com incidência generalizada em todas as faixas etárias e níveis de escolaridade, mas com níveis maiores em homens e pessoas jovens.
De acordo com a pesquisadora da Fiocruz Célia Landman, isso mostra como é necessário um programa de redução de consumo que não foque apenas em grupos de maior risco, como hipertensos e doentes renais.
“Quando a gente compara com as informações referidas na entrevista, o consumo de sal é muito mais elevado do que a percepção de consumo. Enquanto o percentual de pessoas que tem consumo de sal superior a 8 gramas por dia é de 70%, somente 14% revelou consumo elevado. Apenas 2,4% da amostra apresentou consumo inferior a 5 gramas de sal por dia; contudo, 25% dos brasileiros diz que consome pouco sal, e 60% acham que tem consumo adequado. Então, a redução desse consumo de sal é hoje considerada como uma das intervenções de melhor custo efetividade para reduzir a mortalidade por doenças crônicas não transmissíveis”.
A pesquisa da Fiocruz é resultado de análises clínicas feitas a partir de sangue e urina de 9 mil pessoas de todo o Brasil, coletado durante as entrevistas da Pesquisa Nacional de Saúde, feita em 2013 pelo IBGE.
O estudo também analisou o hemograma, perfil lipídico, creatinina e a glicemia dos entrevistados para avaliar níveis de colesterol, diabetes, função renal e hemopatologias.
A prevalência de anemia, por exemplo, foi de 9,86%, subindo para 12,2% em mulheres e pra cerca de 25% em mulheres idosas. A pesquisadora da Universidade Federal de Minas Gerais Deborah carvalho Malta, uma das profissionais associadas à pesquisa, ressaltou como política públicas podem ser construídas a partir desses dados.
“O Primeiro estudo nacional em relação à prevalência de anemia em mulheres foi em 2006, e mostrou uma prevalência de 29,4% de anemia em mulheres usando os mesmos critérios. E a PNS nos mostra, então, uma redução expressiva dessa prevalência. Destacar, então, programas governamentais importantes na última década que podem explicar esse resultado, como o programa de fortificação de farinhas de trigo e milho; o programa nacional de suplementação de ferro de crianças, gestantes e mulheres no pós-parto; e a própria expansão da atenção primária em saúde”.
Já o diabetes foi identificado em 6,6% dos adultos considerando apenas os exames laboratoriais, mas chegando a 8,4% se forem incluídas as pessoas que confirmaram o diagnóstico, mas já controlam a doença. No entanto, entre a população obesa, a prevalência chega a 17%.
E os resultados referentes à função renal foram considerados bastante surpreendentes, já que as estimativas baseadas nos exames clínicos foram até quatro vezes maiores se comparadas com outras pesquisas feitas no Brasil baseadas apenas em relatos da população. Logo, o levantamento aponta para o subdiagnóstico da doença renal no país.