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Mais de 70% dos consumidores tem medo de beber água mineral na rua

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Cerca de 70% dos consumidores de água mineral do estado do Rio de Janeiro têm medo de beber esse produto fora de casa. Essa é uma das conclusões de estudo feito pelo Centro de Estudos de Consumo do Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppead/UFRJ) .
“A gente conseguiu fazer um mapeamento do público consumidor simples mas, ao mesmo tempo, poderoso para identificar esse consumidor”. Segundo o pesquisador do Coppead/UFRJ e coordenador do estudo, Leonardo Soares, foi identificado um consumidor de água mineral em copo e garrafas pequenas e um consumidor mais doméstico de garrafões de 10 a 20 litros. “São produtos que têm características bem diferentes. A gente identificou que a compra de água mineral fora de casa, sobretudo no dia a dia, tem uma incidência alta”. A pesquisa envolveu 493 consumidores, sendo 142 da capital, 178 da região metropolitana do Rio de Janeiro e 173 do interior do estado.

O levantamento foi feito no ano passado com homens e mulheres na faixa etária de 18 a 64 anos, das classes A (9%), B (48%) e C (43%), que compraram água mineral em copo, garrafas e garrafões pelo menos uma vez nas quatro últimas semanas. De modo geral, esse consumo das embalagens de até um litro é 60% feito para consumo próprio, individual, fora de casa. Entre os vários formatos mapeados, a maior incidência (40%) foi encontrada nas garrafas de 500 ml a 600 ml. Com relação aos garrafões de 20 litros, 30% da amostra disseram comprar o produto para consumo doméstico, sendo que no interior esse consumo atingiu até 38%, “porque não confiam muito na água mineral que chega da concessionária”, disse Leonardo Soares.
Cinquenta por cento dos consultados disseram comprar água mineral de ambulantes na rua, enquanto outros 50% demonstraram medo de beber água na rua, principalmente se não conhecerem a marca ou não confiarem no local de compra, como um vendedor ambulante, por exemplo. “Metade da amostra não liga muito para a qualidade da água”, reforçou o pesquisador.
Em torno de 20% dos entrevistados disseram comprar água com gás fora de casa. Indagado sobre a compra de uma marca desconhecida, os consumidores informaram que observam as condições e a qualidade do lacre, a transparência da embalagem e as informações contidas no rótulo. 
A sondagem teve um perfil mais feminino: 75% dos compradores de água mineral são mulheres, 60% têm entre 18 e 34 anos e 57% pertencem às classes A e B. Em relação aos garrafões de água, o principal canal de compra são as distribuidoras, apontadas por 70% dos entrevistados.
O estudo revelou que mais de 70% dos consumidores demonstram cuidado com vários fatores na hora de comprar água mineral, entre os quais a qualidade do produto. A marca é um dos principais fatores que pesam na hora da escolha de água mineral, apesar de haver no mercado um “monte de marcas”, afirmou Soares. Entre as marcas apontadas como confiáveis, destaque para Minalba, com 38%, e Crystal, com 23%. As demais marcas que tinham menos de 1% de citações totalizaram 18%.
O levantamento identificou dois perfis de consumidor: o genérico, que considera água mineral algo limpo e puro, apto para ser bebido; e o especialista, que diferencia os produtos pela marca, composição e até sabor. O pesquisador do Coppead/UFRJ acredita que a pesquisa vai contribuir para a melhoria do produto no mercado. “O estudo revela duas coisas: o próprio interesse das pequenas indústrias de quererem passar por um processo de certificação, que é voluntário, além das normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Instituto de Águas Minerais. E o fato de querer ouvir o consumidor é uma iniciativa muito bacana por parte deles, levando em consideração que estamos falando de marcas menores, regionais”.
O mercado brasileiro de água mineral cresceu 61% nos últimos oito anos e hoje é o quinto maior do mundo, atrás da China, Estados Unidos, México e Indonésia.
As pequenas indústrias do estado criaram uma entidade e contrataram a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para desenvolver um conjunto de normas de qualidade ligadas ao engarrafamento de águas minerais e, com isso, ter a chance de estabelecer todos os parâmetros que significam água mineral de qualidade, visando ter um selo em suas embalagens.
O estudo foi feito para ajudar a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) no desenvolvimento de um certificado de conformidade para as pequenas indústrias de água mineral do estado. A sondagem foi feita em parceria com o Programa de Apoio à Competitividade das Micro e Pequenas Indústrias (Procompi), um dos projetos coordenados pela Firjan.
Edição: Aline Lea

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