Editorial – Os protestos em todo o país voltaram com o aumento das passagens em diversas regiões metropolitanas. Em Osasco, não foi diferente.
Entenda as principais reivindicações do OCA (Movimento Osasco Contra o Aumento), a versão local do MPL;
A abertura de planilhas dos acordos e contratos entre o poder público local e as duas (únicas) operadoras do sistema público de transportes (Urubupungá ltda. e Viação Osasco ltda.) se tornou uma das principais bandeiras do OCA. E essa questão promete uma queda de braço entre Jorge Lapas, atual prefeito, e os manifestantes.
Antes das respostas, surgem as questões;
Uma vez abertas, essas contas mostrariam a tabela de custos operacionais e –principalmente- a margem de lucro das viações. O movimento OCA parte do fato que Osasco possui uma malha viária e um espaço geográfico várias vezes menor que a capital. Por qual razão é tabelado o preço de São Paulo e Osasco?
Além disso, uma questão se impõe sobre as demais: Osasco sofreu reajuste em 2014, seguindo a linha de subsídios amplamente difundidas nas capitais do país. Esse subsídio compensou as perdas provocadas pela inflação (abaixo de 6% ao ano em 2013) , suprimindo o principal argumento do poder executivo que, em apoio ao pedido das viações, encaminhou à Câmara o reajuste para R$3,50.
O OCA pede ainda a integração municipal entre o Norte da cidade e o Sul –atualmente possível apenas para os bairros mais populosos- permitindo através de sistema de cartões o uso de mais de uma condução por trajeto.
Desde que foi relegada a um papel subserviente e inexpressivo no final da década de 2000, a CMTO (Companhia Municipal de Transportes de Osasco) deixou de circular com frota própria (os conhecidos coletivos brancos, além dos veículos de dois andares do início da década de 90). A desarticulação da empresa municipal permitiu o aumento exponencial das tarifas nos anos seguintes.
Acompanhando os valores praticados em São Paulo pela primeira vez em quarenta anos, o ano de 2007 marcou o sucateamento da frota própria da cidade, o aumento exponencial das tarifas e, por fim, culminou com o tabelamento das tarifas entre cidades com realidade completamente distintas.
São Paulo tem mais de 1.500,000km², opera linhas com mais de 70km de extensão, incluindo até mesmo zonas rurais (Marsilac, Parelheiros). Com pouco mais de 60km², Osasco opera 43 linhas de coletivos e cobra –sem absolutamente nenhuma interligação- o mesmo preço da capital.
Este editorial é assinado por Gabriel Martiniano.