Entre as principais cidades da região, Osasco é o município com o menor território e o maior custo da tarifa de coletivos. Nesta matéria, vamos buscar as raízes do problema e como chegamos a isso.
Com 65km², nossa cidade é geograficamente muito pequena, listada como a 5402ª maior área entre 5561 territórios. Ou seja, apenas 159 municípios do Brasil são menores que Osasco (em área total) e 5401 são maiores.
Com pouco mais de 40 linhas de ônibus e quase 700 mil habitantes, Osasco possui uma malha imperfeita se comparada à quantidade de vias disponíveis e a densidade populacional dos bairros. Pouco planejada, a distribuição dos coletivos é feita de acordo com critérios definidos pela CMTO (Companhia Municipal de Transporte de Osasco) -mas, principalmente, pelos relatórios de uso apontados pelas próprias empresas concessionárias; Urubupungá e Viação Osasco.
Além disso, os valores praticados em Osasco são atrelados à capital há quase 15 anos. Portanto, o mesmo preço que vale em SP será o praticado em Osasco (e não é por força de lei).
A capital, diferentemente de Osasco, subsidia pesadamente o preço da tarifa, pois algumas de suas linhas são absolutamente insustentáveis sem a parte pública. Exemplos disso são, entre outras, as linhas do Centro para Parelheiros, Barragem-Marsilac e outras. O volume e a distância percorrida (quase 200kms -ida e volta- para as maiores) demandaria passagens com custo elevadíssimo.
Não é o caso de Osasco. Pequena territorialmente, sem integração municipal, sem implantação de Bilhete Único e sem serviço 24h, nossa cidade padece de uma justificativa para que continue atrelado à SP o preço praticado aqui.
Trocando em miúdos, os administradores públicos entregaram um serviço público essencial para empresas que desejam lucro sobre a prestação, delegando para elas a fiscalização e o levantamento de dados fundamentais, além de receber em troca um serviço caro e com cobranças recorrentes (da Zona Sul até a Zona Norte, na maioria dos casos, demanda quatro conduções e quatro pagamentos). A situação, com o fim da ‘CMTO prestadora de serviços’, agravou muito o caso.
Para se formar uma ideia de como os trajetos em Osasco são inexplicavelmente caros, observamos a Linha 020 -Helena Maria/Vila Yara. Com grande volume de passageiros, o trajeto dessa linha é menor que 8km. Caso os motores dos ônibus operem com baixa eficiência, ainda assim fariam o trajeto de ida e volta dessa linha gastando míseros 8 litros de diesel.
O custo do litro do diesel beira R$2,73 para pequenas quantidades. No caso das Viações Osasco e Urubupungá -que compram em grande quantidade, esses valores são significativamente menores. Portanto, em combustível, gasta-se aproximadamente R$11,00 -por viagem- na linha 020.
Os custos operacionais e os pagamentos totais de salários de cada viação, nunca divulgados pelas empresas, fazem a conta se tornar difícil. Estabelecer o custo de uma operação de linhas fica quase impraticável, justamente impedindo que o cidadão saiba quanto lucra os donos das empresas.
Mesmo com tais dificuldades, alguns fatos podem ser constatados. O primeiro deles é que o preço praticado em Osasco é superior ao praticado em São Paulo. O segundo, é definitivamente a inexistência de integração municipal ou serviços 24 horas. O terceiro, e não menos importante, é o fato de que a distribuição das linhas possui defasagem -para uma população de 700mil habitantes e nenhum planejamento urbano na maioria dos bairros.
Portanto, Osasco deve discutir o preço de sua tarifa de ônibus o quanto antes, incluindo demandas populares que deveriam ser atendidas com celeridade, pois ainda não temos:
Serviço 24 horas
Integração Municipal
Integração Intermunicipal – bilhete único
Troca dos chassis de caminhão por ônibus adequados e confortáveis
Gratuidade para alguns setores da sociedade e abertura dos dados – Passe livre e abertura das planilhas
Redução do tempo de concessão e abertura para mais concorrência
Por fim, não é possível esclarecer quanto se lucra nas empresas que prestam esse serviço público. Está mais do que na hora de abrir as planilhas de custos e lucros das empresas Urubupungá e Viação Osasco.
Para saber: Após abrir o diálogo com o movimento que pede a revogação do aumento da tarifa, o governo de Osasco impediu que o Coletivo de Mídia independente participasse das discussões para redução da tarifa de ônibus. O Jornalista Gabriel Martiniano, porta-voz do CMIO, foi barrado mesmo com o nome em uma lista de representantes autorizados. Nenhuma cobertura da imprensa foi autorizada.
GM – CMIO – Coletivo de Mídia Independente de Osasco
IMG – Thamco