No teatro: Farinha com Açúcar ou Sobre a Sustança de Meninos e Homens
A peça do Coletivo Negro, que conta com a participação especial do rapper Kl Jay, retrata a experiência de ser homem negro na periferia de São Paulo e traz a força da musicalidade; após passar por diferentes palcos da cidade e também do Rio de Janeiro e Minhas Gerais, é apresentada excepcionalmente por três dias na programação teatral do instituto
De 16 a 18 de agosto (terça a quinta-feira), sempre às 20h, a programação Terça Tem Teatro do Itaú Cultural recebe Farinha com Açúcar ou Sobre a Sustança de Meninos e Homens, do Coletivo Negro.
Encenada e dirigida por Jé Oliveira, a peça é uma investigação sobre a vivência da masculinidade negra nas periferias de São Paulo, inspirada em relatos reais e na produção cultural de negros que nasceram ou ainda moram nestas regiões. O espetáculo recebe a participação especial do rapper e integrante dos Racionais MCs, KL Jay, no último dia das três apresentações.
Farinha com Açúcar ou Sobre a Sustança de Meninos e Homens mergulha no universo da palavra falada e cantada por meio da construção poética de Jé Oliveira em cena, acompanhado por cinco músicos, produzindo a trilha sonora simultaneamente – Cássio Martins (baixo), Fernando Alabê (percussão e bateria), Mauá Martins (piamos e MPC), Melvin Santhana (guitarra, violão e voz) e DJ Tano – ZáfricaBrasil. Paisagens sonoras e imagéticas se materializam no ato de contar, expor, refletir e dialetizar a experiência do ser negro em uma metrópole.
A peça é baseada em entrevistas realizadas com 12 homens negros de diferentes idades e ocupações com a intenção de constatar alguma unidade entre estas histórias e delas colher inspiração para se construir uma narrativa. Os entrevistados foram Akins Kintê, poeta e diretor de cinema, Allan da Rosa, professor e artista, Aloysio Letra, artista, Fernando Alabê, músico, João Nascimento, percussionista, Kl Jay, DJ e rapper, Melvin Santhana, músico, Renato Ihu, produtor e pesquisador, Salloma Salomão, artista e intelectual, Seu Luís Livreiro, vendedor de livros, Will Oliveira, modelo, e Zinho Trindade, poeta.
O resultado é um espetáculo que traz à tona a realidade de muitas periferias do país, incluindo casos de violência contra jovens negros, de exclusão social, relatos de conflitos familiares e entre amigos, o cotidiano, alegre ou triste, de uma jornada. “Em todos os lugares por onde passamos, a peça tem tocado as pessoas de um modo muito profundo. Pela realidade ser muito próxima, lágrimas correm e nos banham indicando a necessidade do trabalho”, conta Oliveira.
Farinha com Açúcar ou Sobre a Sustança de Meninos e Homens foi contemplado na XXV Edição da Lei de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo, selecionado pela Funarte pelo edital Cena Aberta e convidado a abrir o 1º FELT – Festival Livre de Teatro, realizado pela Escola Livre de Teatro de Santo André. Em São Paulo foi apresentada nas unidades SESC de Santos, Pompéia e Araraquara, na Funarte e na Escola Livre de Teatro de Santo André. No Rio de Janeiro, no SESC Copacabana e em Minas Gerais, no SESC Palladium.
Sobre o Coletivo Negro
O Coletivo Negro é um grupo de pesquisa cênico-poético-racial que há oito anos se dedica à investigação da presença do negro no teatro brasileiro. Formado por Aysha Nascimento, Flávio Rodrigues, Jefferson Mathias, Jé Oliveira e Raphael Garcia. Recebeu duas indicações ao Prêmio Cooperativa Paulista de Teatro com a obra Movimento Número 1: O Silêncio de Depois…, nas categorias Melhor Elenco e Grupo Revelação. Concorreu ao Prêmio Qualidade Brasil, por sua ocupação artística no TUSP (Teatro da USP). O grupo já se apresentou em alguns dos principais palcos da cidade de São Paulo e do país, como Auditório Ibirapuera—Oscar Niemeyer, Itaú Cultural, TUSP, Teatro Villa Velha (Bahia), CCBB-Minas Gerais, SESC Santos, Cooperifa, Galpão do Folias.
As apresentações são gratuitas
Conheça mais
https://vimeo.com/170717203
https://www.youtube.com/watch?v=8xzRCVCeWlk
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