Dia da Consciência Negra reúne ativistas e encanta com falas e vozes potentes
Por Ana Rodrigues. Fotos: Ricardo Migliorini.
A Câmara Municipal de Osasco realizou, na tarde desta segunda-feira (20), no Teatro Municipal Glória Giglio, uma Sessão Solene em celebração ao Dia da Consciência Negra. A data, instituída em 10 de novembro de 2011, remete ao dia em que foi morto o líder do Quilombo dos Palmares, Zumbi, no ano de 1695.
Feriado municipal desde 2021, quando a Lei nº 5146/2021 foi aprovada pela Câmara Municipal, a data foi celebrada com muita música, cores e depoimentos potentes.
No evento destaque para as homenagens a personalidades que se destacam pela luta contra o racismo e ao resgate da história de luta da população negra.
O Coral Mouche, formado por africanos e angolanos, na maioria estudantes universitários que vivem no Brasil, empolgou a plateia com vozes fortes e muito ritmo.
Alexandra Pontieri, da Divisão de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, da Prefeitura de Osasco, foi a primeira a usar a Tribuna e homenageou mulheres osasquenses que fomentaram políticas de combate ao racismo.
“Falar de consciência negra é falar da nossa existência. Resgatar nossa identidade. Precisamos lembrar de mulheres que contribuíram para a nossa luta e que já não estão entre nós, como Amanda França, Joana D’Arc e Sônia Rainho”, ressaltou Alexandra.
A médica da rede municipal de Saúde, Dra. Mônica Bonfim, apontou que os dados no Brasil em relação à mortalidade da população negra mostram o quanto essa população é privada ao acesso a serviços na saúde, educação, segurança. “Precisamos urgentemente fazer com que o comitê de saúde para a população negra avance”, disse Mônica Bonfim.
A presidente do Conselho Municipal de Promoção de Igualdade Racial (COMPIR), Vera Lopes, reforçou que o feriado da Consciência Negra é uma data para debates e não para descanso. “Trata-se de um feriado que faz memória a alguém que tombou por uma causa, a causa do povo escravizado, que passou por uma liberação, mas que clama por reparações”, declarou.
O vereador Délbio Teruel (União Brasil) falou sobre a conquista dos ativistas para que a data fosse feriado na cidade e comentou o quanto a Câmara contribuiu para que o dia se tornasse um dia de debates. “A Câmara ficou orgulhosa e satisfeita votar neste mandato que esse dia fosse feriado. E que nós possamos cada vez mais levar o diálogo e informações para combater o racismo. Osasco tem pessoas dispostas a fortalecer todos os movimentos em nossa cidade”, disse o parlamentar.
Juliana da AtivOZ, vereadora do PSOL, destacou pontos que devem pautar o debate sobre o tema do combate ao racismo. “Não se trata apenas de uma data afirmativa, é um dia de luta. Precisamos falar sobre o racismo ambiental, porque não somos atingidos da mesma forma pela crise climática. A saúde pública não é para todos, isso porque 55% das pessoas que morreram na pandemia, por exemplo, eram negras. Precisamos falar da morte materna que atinge muito mais mulheres negras e periféricas. Precisamos falar sobre a necropolítica que determina quais corpos devem morrer através de bala, porque as políticas públicas atingem diferentes negros e brancos”, disse Juliana, ao também falar sobre os problemas enfrentados pela comunidade LGBTQIA+ negra.
Já Emerson Osasco (Rede) proponente da solenidade, encerrou falando da morte do povo negro, sobre os conflitos que dizimam seres humanos devido ao discurso de ódio e sobre a luta incessante para combate ao racismo.
“O racismo matou milhões, milhares de pessoas ao longo dos séculos. É por isso que repudio o conflito em Gaza. Ambos os lados estão errados quando tiram vida de pessoas que nada têm a ver com suas posições de gente que dissemina o ódio, e não foi isso que Deus nos ensinou. Deus nos ensinou sobre amor, tolerância e respeito. Nessa data reforço que nenhum genocídio contra povos seja praticado”, apontou o vereador.
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